É nítido que A Saga Velozes & Furiosos possui duas levas completamente diferentes em sua saga de filmes. A primeira, formada do 1º ao 4º filme, mostra a franquia tentando se estabelecer como uma franquia séria que fala sobre carros e corridas clandestinas com um plano de fundo sobre investigação policial ou problemas com organizações perigosas e conhecidas dos países onde são filmados, como por exemplo a Yakuza no 3º filme, já a segunda leva de filmes, iniciada no 5º filme, Operação Rio de 2011, foi onde a franquia se assumiu como uma franquia completamente galhofa (zombaria explicita de si própria) e assim conquistou por completo dezenas de milhares de pessoas ao redor do mundo, e com uma série de personagens carismáticos a temática da franquia que antes era séria (ou pelo menos tentava) virou galhofa, tendo como principal núcleo temático a família Velozes & Furiosos, composta por diversos personagens que integraram os filmes ao longo dos anos. Pois bem, após isso ter sido definido, lá em 2011, a franquia sempre deixou claro que se apegaria a “galhofisse” e a tática do “mais e maior”, que significa que a cada filme, a loucura, a suspensão da descrença e a completa ignorância da lógica e da física seriam em um volume maior e as ideias cada vez mais loucas. Tendo isso em mente, Velozes & Furiosos 9 possui tudo que fez a franquia ser amada pelo grande público desde o 5º filme, a família, personagens carismáticos, vilões bobos, porém ao mesmo tempo descolados e perigosos o suficiente para gerar o mínimo de ameaça a equipe dos protagonistas, mulheres bonitas, corridas clandestinas, carros espetaculares, explosões, acrobacias que ignoram a física e a lógica, histórias simples, mas que se conectam genuinamente com as histórias galhofas dos filmes anteriores e mais explosões. Contudo, este nono filme, me pareceu pecar em alguns pontos que a franquia normalmente acerta, como por exemplo, o ritmo deste nono filme é muito mais complicado do que seus antecessores, onde o 2º ato do filme, por vezes tem o ritmo descompassado e se torna de certa forma cansativo. Quanto ao clímax e a introdução do filme, é o padrão Velozes & Furiosos, sendo o 1º ato começando com os personagens com uma vida pacata e fora de perigo, algo que eles estranham e com razão, até que aparece o problema e a motivação é genuína, pois sempre há o envolvimento de algumas coisas de “outros carnavais”, já o 3º ato, o mesmo de sempre que funcionam desde o 5º filme, carros espetaculares em todo canto, destruição, explosões e acrobacias sem qualquer presença de risco para os protagonistas já que eles são protegidos pelo roteiro e brincam lindamente com isso com piadas que entram genuinamente bem e funciona perfeitamente com um timing ótimo depois de tudo isso retornamos ao clima família que a franquia já sabe fazer de forma reconfortante e perfeitamente bem para a finalização do filme. Fora alguns excessos devido à expositividade anormal do roteiro, todos os atores Vin Diesel, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson, Ludacris, Nathalie Emmanuel, Sung Kang e Jordana Brewster estão bem em seus papéis como de costume. John Cena se saiu relativamente bem para seu primeiro grande papel no cinema e não compromete, porém não eleva o filme, as participações rápidas Helen Mirren, Lucas Black, Bow Wow, Jason Tobi, Don Omar e Tego Calderón são legais e reconfortantes de se ver após diversos anos sem a presença dos personagens na franquia de forma recorrente, Charlize Theron como Cipher aparece pouco, mas entrega bem em seus poucos minutos de tela, a ponto de ser lembrada durante o passar do filme. Os novos personagens interpretados por Anna Sawai e Thue Ersted Rasmussen, são de certa esquecíves, a primeira demonstra ter potencial para ser lembrada se o roteiro desse a devida importância a ela, já que a sempre joga pra escanteio apesar de dizer que ela é de grande importância para a trama do filme, o segundo, o outro vilão do filme é definido pelo personagem de John Cena em 10 segundos no filme e justamente por isso é um dos, senão o mais caricato e raso vilão da franquia. Nos quesitos técnicos, a direção de fotografia é uma das melhores dos últimos filmes, sabendo brincar perfeitamente com as cores e iluminações das cenas, em contraponto, os responsáveis pelo jogo de câmeras, enquadramentos e ângulos é um dos piores da franquia, com algumas sequências de cenas lamentáveis com cortes excessivos e tremores desnecessários lembrando até mesmo a saga Transformers em alguns momentos. Trilha Sonora e Musical estão impecáveis como de costume com músicas que grudam na mente por um bom tempo mesmo depois de o filme ter acabado.
De maneira geral, Velozes & Furiosos 9 é o mais do mesmo dos últimos filmes que tem se provado lucrativo e com bom recebimento da crítica especializada e o amor do público. Por ser mais do mesmo, o filme permanece no nível dos anteriores (com exceção do 5º e do 7º filme que por uma série de motivos são os melhores da franquia com folga), o que está tudo bem, mas não é um filme espetacular de explodir a cabeça, e entrar na sessão sabendo disso facilita muito para se agradar com o filme.