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    Toy Story 4
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Toy Story 4
    por Bruno Carmelo

    Na cena inicial do quarto Toy Story, os brinquedos se unem para resgatar um colega em perigo. O plano parece difícil, porém eles não poupam esforços até reestabelecerem a ordem. Ao longo dos próximos cem minutos, a narrativa apresenta pelo menos seis outras cenas de perseguição e resgate. “Eu não deixo nenhum brinquedo para trás!”, afirma Woody, orgulhoso, resumindo o lema do filme como um todo. Com a profusão de personagens acumulados em tantas aventuras, não é difícil espalhá-los ao longo da cidade – seja na casa, num antiquário ou num parque de diversões – encarregando os heróis de reunir o grupo novamente.

    O filme adota uma estrutura semelhante àquela de Procurando Dory, outra sequência da Pixar que se articulava basicamente em torno de pequenas esquetes de ação. Naquele caso, o destino final era relativamente fácil de alcançar, porém a dificuldade se encontrava em atingir a linha de chegada juntos. Toy Story 4 trata de separar Woody, Buzz Lightyear e tantos outros devido a uma série de sequestros que necessitam salvação. A inclusão de personagens inéditos fornece novos alvos de perigo: Garfinho, Duke Kaboom e as pelúcias Coelhinho e Patinho servem sobretudo a testar a lealdade e coragem de Woody. Em paralelo, é uma pena constatar que os coadjuvantes consagrados nos filmes anteriores têm pouquíssimo a fazer, sendo praticamente esquecidos pelo roteiro.

    Ao longo de três filmes, a franquia construiu uma linha narrativa madura sobre amizades e rupturas, sobre amadurecimento e morte. O terceiro filme, em especial, se concentrava na humanidade comovente dos brinquedos que assumem para si a responsabilidade de cuidar de “seus” adultos, cumprindo o papel de anjos da guarda. Ora, a quarta produção traz um programa muito mais simples: além da evidente mensagem sobre o valor da amizade (praticamente uma obrigação em animações infantis contemporâneas), o roteiro se aprofunda pouco nos dilemas e medos dos personagens. A obsessão do Garfinho pelo lixo soa artificial e excessivamente infantil, ao passo que o trauma de Duke Kaboom e a evolução de Gabby Gabby são previsíveis para qualquer espectador que tenha assistido às produções anteriores da Pixar.

    Resta então uma articulação frenética de corridas, muito mais próximas dos filmes da Illumination, Blue Sky e Dreamworks do que das narrativas habituais de John LasseterAndrew Stanton e Pete Docter. Os aspectos técnicos impressionam: desde a cena inicial, o trabalho de iluminação sob a chuva é primoroso, e tanto a textura da pele dos personagens quanto o neon do parque de diversões fornecem boas possibilidades estéticas, exploradas a contento pelo diretor Josh Cooley. O trabalho de caracterização do som e brilho da porcelana, da materialidade do plástico e da simplicidade do Garfinho merece ser citado, mesmo que tamanho apuro técnico sirva a uma trama menos inventiva do que as precedentes. Talvez este seja o episódio mais infantil da saga, e também o menos ambicioso.

    A maior preocupação dos criadores se encontra em outro aspecto, no caso, sua potencialidade comercial. A reutilização da canção “Amigo estou aqui” serve a captar a atenção dos nostálgicos, enquanto o flashback da história entre Woody e Andy apresenta a história pregressa do caubói a quem estiver assistindo pela primeira vez. A inclusão de uma pastora forte e destemida ao lado de um boneco de traços hispânicos e uma garotinha negra, ainda que em papéis menores, cumpre minimamente o discurso de representatividade. Após fazer seus personagens girarem em círculos (às vezes literalmente), a narrativa termina por oferecer uma transformação brutal nos últimos dez minutos, justificável menos por razões diegéticas do que pela necessidade de reinventar a franquia e traçar rumos para os próximos filmes, spin-offs e derivados.

    Toy Story 4 funciona melhor enquanto projeto de transição a novos produtos do que enquanto filme autônomo. Com menos risos, menos lágrimas e mais correria, ocupa um espaço modesto dentro do universo Pixar, perdendo a boa oportunidade de explorar a questão dos objetos “pobres”, feios e improvisados, que dialogariam diretamente com as famílias de baixa renda. Mesmo assim, em seu retrato sobre a carência afetiva dos brinquedos e a necessidade de emancipação de Woody, apresenta alguns ótimos momentos, com destaque para os planos de Coelho e Patinho durante o resgate de Garfinho. Explorando a montagem e a dilatação do tempo, esta sequência fornece um vislumbre do que a quarta aventura poderia ter sido caso explorasse o humor via linguagem cinematográfica (ou seja, pela manipulação de som, luz, montagem etc.). Para a Disney, a quarta aventura dilata o universo dos brinquedos, com mais personagens, mais cenários e mais possibilidades amorosas/fraternas. É na chave da multiplicação e da saturação que a franquia justifica sua longevidade.

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    Comentários

    • CJ E
      Eu gosto da franquia Toy Story e assisti aos 4 filmes. Na minha opinião, eu achei o 4º filme muito bom. A qualidade técnica da animação é primorosa, com certeza acima dos anteriores. A história é um recomeço para a franquia. Claramente todos pensavam que no terceiro filme Woody ficaria com a Bonie e ponto. Mas a continuação mostra que apesar de ser o brinquedo preferido do Andy, ele é preterido pela nova criança e não sabe muito bem como lidar com isso. O desfecho foi muito bom também, me deixou emocionado, não a ponto de escorrer lagrimas dos meu olhos como no terceiro filme, mas sem dúvida emocionou. Por fim, muitos reclamam que os coadjuvantes foram menos atuantes neste filme. Oque não é verdade. Na verdade os novos coadjuvantes até que tiveram participam razoável. Quantos aos antigos, bom, com uma história mais centrada no Woody e nos seus conflitos é normal que eles apareçam menos.
    • Leandro Herrera
      o filme é ótimo...claro, é difícil achar que perderemos um protagonista... mas se for analisar a vida de um brinquedo é assim... a nova dona dele é uma menina.... ele era o melhor amigo de um menino...meninas brincam menos tempo com seus brinquedos em geral... amadurecem mais rápido...é esperar os próximos capítulos... se houver
    • Niara Palma
      Esse filme tem sérios problemas de ritmo, em vários momentos as crianças do cinema perdiam a atenção. Gostei do garfinho, mas os personagens originais ficaram completamente esquecidos, principalmente o Buzz, que ficou só como alívio cômico enquanto novos personagens assumiam o protagonismo. Foi um filme meio desnecessário.
    • Bala no alvo
      Pior filme da série, muito centrado no Woody deixando os outros personagens pouco participativos, e o final vai totalmente contra a história dos outros 3 filmes.
    • Victor F
      Crítica muito lúcida, dois pontos que me incomodaram:1. Toy Story não é só Woody e Buzz, faltou participação dos coadjuvantes! 2. O filme termina no seu clímax e tomei até um susto quando vi que terminaria ali.
    • Jeremias Borges Vieira
      Assisti e gostei muito do filme. Mostra a importância da pessoa ouvir a voz interior ou buscar o que você realmente quer. Valoriza a lealdade nas amizades. Retrata a rejeição e o sofrimento que ela provoca. Mostra que mesmo depois de uma grande perda é possível encontrar a felicidade.
    • Mestre Tartaruga
      Lamento pelos seus sobrinhos. Os meus se encantaram pelo filme. E eu também.
    • Mestre Tartaruga
      O site deveria se chamar ODEIO CINEMA. Essa nota é uma ofensa a um filme tão impressionante.
    • Glauco
      Gostei da crítica, mas também gostei muito do filme. Emocionou bastante no final e teve muitas risadas na sessão. Tratar o amadurecimento do Woody foi um gancho interessante pra uma história que parecia fechada no filme 3. Concordo que não é o melhor filme, mas também não é pior do que o 2, por exemplo...
    • Diário Gay do Diego
      Eu também esperava muito mais do filme, mas acho que acaba servindo como um novo início de franquia.
    • Gustavo Menezes
      Assisti ontem o filme e ele, de fato, é mais fraco em relação aos outros. Mas é um bom filme sim. Deu pra rir bastante, emocionou bastante no final, não como o 3 filme, mas emociona, além de algumas cenas que o cinema todo riu. Ele é bem previsível, um filme fácil para as crianças. O filme é centrado no Woody e seus dilemas que tu pode colocar na nossa vida: eu envelheci, ja cumpri o meu papel, entao sou descartável? Um sheriff obrigado a se aposentar. Gostei. O que não gostei é que usaram mto pouco os antigos bonecos. Nem o Buzz foi muito usado. Enfim, não é do nível do 3 por exemplo, mas é um belo filme.
    • George Menezes
      Assisti o filme e foi uma diversão, percebendo o mesmo para os que estavam na sessão. Não estou atrás de obra prima, mas um filme que tenha qualidade e seja capaz de divertir. Não é uma questão de ser melhor ou pior. A sua função com cinema foi cumprida, a resposta disso foram salas cheias. Recomendo e assistiria novamente. Críticas são respeitadas, mas não pesam na decisão de ir ou não assistir a um filme no cinema.
    • Cláudio F
      Mais aqui não vale sua opinião... vc tem que dizer que é o melhor filme que já viu na vida...#ironicmodeOn
    • Igor Pessoa
      A galera nem viu o filme e tá malhando a crítica do site. Não entendo, as opiniões precisam ser unânimes? Então, parabéns pelo sofrível senso crítico. Gostei um pouco mais do filme e concordo com a maioria dos pontos citados. Daria 4 estrelas.
    • Adriano Silvestre Ramos
      Meu amigo, assim como você e como o crítico, eu vi o filme. Tendo visto, posso afirmar ainda com mais certeza que não concordo com a crítica. O FILME É ÓTIMO! Mas quero deixar claro que é só uma opinião e, assim como qualquer outra, não é absoluta. E um salve para a liberdade de expressão.
    • Death Gun
      ah, claro, não importa o que ele achou, tem da nota alta pq outros deram tb, que palhaçada isso aí
    • Cláudio F
      Meu amigo...veja o filme e vai saber que eles foram até bonzinhos com o filme... eles estão falando sobre uma coisa que viram (como eu) O FILME É RUIM.
    • Cláudio F
      Até que enfim uma crítica lúcida do filme: O filme é sem dúvida o pior da franquia, ZERO de emoção, os personagens novos não têm carisma algum (não sei se foi culpa da dublagem) Levei meus sobrinho e nenhum deles gostou do filme.
    • Robert Davis
      Que vergonha, AdorocinemaCada vez mais perdendo a credibilidade
    • Flavio Q.
      Adorocinema sempre de contra as demais críticas especializadas, vários filmes medianos e medíocres, como Glass considerados Obras-primas e filmes aclamados pelas crítica considerados pela equipe como medianos ou fracos. É legal ter opinião própria, mas algumas críticas são completamente fora de contexto.
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