Inicialmente, pergunto-me: “Até onde vai a criatividade de um diretor, no quesito “escolha de animal” para uma animação?”
Com a evolução da tecnologia, nos dias atuais, raramente acompanhamos filmes animados como os antigos, Mickey, Popeye, Pica-Pau e outros, com isso, através do aperfeiçoamento do 3D, existe um maior envolvimento com o telespectador e desta maneira, acredito que para a continuidade destas animações, realmente seja necessário intensa criatividade, por parte dos autores, no que diz respeito a perfeita escolha do personagem. Porém, muitos já tiveram seus momentos de glória e até foram reutilizados, como peixes (Procurando Nemo, O Espanta Tubarões, O Mar Não Está pra Peixe), animais silvestres em coletividade (Madagascar, Selvagem, Os Sem-Floresta), Princesas da Disney (Enrolados, Valente), ratos (Por Água Abaixo, Ratatouille, O Corajoso Ratinho Despereaux), enfim, estão realmente esgotando as opções. O desespero é tanto, que tais inovações nos levam a escolher bichos poucos usuais ou atraentes, como camaleão (Rango) e até caracol (Turbo). Todavia, ainda sim, obtiveram êxito de audiência, uma vez que também incluíram um excelente enredo.
Porém, para quem acha que já viu de tudo, Bons de Bico vem para nos calar. Desta vez as “feras” escolhidas foram perus. Isso mesmo, perus.
Mas antes de julgar o filme pela escolha do animal, vamos tentar entender a história. Tal trama narra a vida de um peru (Beto), o qual vivia em regime de engorda, para futuramente ser abatido e tornar-se prato principal em eventos diversos, assim como outras aves do gênero. Entretanto, um belo dia o Presidente dos Estados Unidos resolve salvar uma dessas aves e torna-la doméstica. (Tá dando pra engolir a história? Tem mais). Eis que um outro peru (Zeca) aparece, alegando ter sido mandado pelo “Grande Peru” para procurar Beto, entrar numa máquina do tempo, voltar no passado e salvar o primeiro peru que foi para o prato principal, com isso, desfazendo tal cultura. (E agora, melhorou?).
Haja vista tamanha história inescrupulosa, baixíssimo teor cômico, 3D sem maiores efeitos atrativos e até dificuldades, pelo público infantil, de entender tal desfecho de gênero “ficção científica”, Bons de Bico detêm a bucólica nota 1,0, deste modo não se equiparando a outras animações de cunho “animal”.