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    O Que Se Move
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    O Que Se Move

    Pais e filhos

    por Lucas Salgado

    O Que Se Move marca a estreia em longas do diretor Caetano Gotardo, que trabalhou na montagem de Trabalhar Cansa. Por sinal, os diretores deste último filme, Marco Dutra e Juliana Rojas, integram a equipe do primeiro. O trio integra um grupo de jovens cineastas de São Paulo que integram o coletivo Filmes do Caixote, em que um trabalha no filme do outro, sempre realizando várias funções.

    O presente texto foca suas atenções em O Que Se Move, mas é impossível deixar de analisar também o ambiente em que foi produzido. Em Trabalhar Cansa, eles se saíram muitíssimo bem na realização de um drama envolvendo suspense e até mesmo terror. Agora, voltam a "brincar" com o cinema de gênero ao inserir números musicais em um drama pesado sobre situações que abalam a vida de famílias.

    O novo longa é dividido em três episódios, todos inspirados em fatos reais. É difícil tratar individualmente de cada segmento sem entregar muito sobre a história, por isso é melhor analisar a obra como um todo, afinal todas as histórias possuem importantes pontos em comum. O sofrimento de um pai, a perda de uma pessoa querida, a necessidade de conviver com a dor, tudo isso é tratado de forma sensível, mas não menos impactante.

    Por mais que conte com fortes personagens masculinos, no final das contas são as mulheres que roubam a cena. Assim, o filme debate a figura da mãe, aquele ser repleto de amor, que sofre com as dificuldades e perdas enfrentadas pela família.

    No primeiro segmento do filme, uma das personagens destaca a importância de se observar as coisas pausadamente para podermos ter uma melhor compreensão e absorção da natureza do objeto analisado. Diante disso, o filme foca sua câmera de forma paulatina, sempre escolhendo um objeto a ser estudado por alguns segundos, como árvores, um cisne ou até mesmo uma família andando pelo parque.

    O longa caminha lentamente, quase parando, mas isso não se configura um problema de ritmo, afinal tudo é bem conduzido pela lente da câmera, que no final das contas é "o que se move" diante do assistido.

    Contando com uma boa presença do elenco, o longa falha um pouco em seu roteiro. Os diálogos, muitas vezes, soam artificiais e desinteressantes, criando uma rigidez na dinâmica dos personagens que não deveria existir.

    Diante da proposta de dividir a narrativa em três histórias, O Que Se Move acabou sofrendo um pouco por causa da fórmula. Ao ser surpreendido no primeiro ato, o espectador já entra nos outros dois com a certeza de que algo de impactante vai acontecer. Ainda assim, as boas performances do elenco e a boa edição de som, que insere a ação em cena mesmo quando os personagens principais estão fora da tomada, surgem como as principais virtudes da obra.

    Quanto às músicas, é curioso notar que as letras são pouco inspiradas e a execução nem sempre prima pela qualidade e pela técnica vocal. Mas isso só aumenta o mérito do filme, afinal é inegável que sua atenção é presa no momento em que as personagens começam a cantar.

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