Chatô - O Rei do Brasil : secretos do rodagem

Em 2008, a Controladoria-Geral da União determinou que Fontes e sua sócia Yolanda Machado Coeli deveriam devolver mais de R$ 36 milhões aos cofres públicos. Dois anos depois, foi condenado a três anos de prisão por sonegação fiscal, mas teve a pena convertida em prestação de serviços comunitários. O diretor recorreu das duas punições e ainda não houve um julgamento definitivo.

O filme teve suas filmagens interrompidas por falta de verbas. Como Fontes havia captado mais de R$ 10 milhões pela Lei do Audiovisual, iniciou-se uma discussão sobre má utilização do dinheiro público. Pouco depois, o Ministério da Cultura e a Ancine deram inícios a processos contra o diretor e sua produtora, Guilherme Fontes Filmes, que teria sido aberta utilizando-se verbas públicas captadas para o longa.

Aos 28 anos de idade, Guilherme Fontes adquiriu os direitos para cinema e TV do livro de Fernando Morais sobre Assis Chateaubriand, um dos homens mais importantes para a implementação das mídias de comunicação no país. Além disso, produziu, entre 1995 e 1999, 25 documentários e 12 debates sobre personagens e fatos que marcaram a história do Brasil e que são, indiretamente, personagens do filme - em co-produção com a Gloosat.

Um dos parceiros da produção do filme foi o mestre do cinema Francis Ford Coppola, que instalou no Rio de Janeiro a empresa Zoebra Filmes/ZB Facilities.

A produção encontrou dificuldades de adaptar o livro para a telona, já que o livro descreve minuciosamente a vida urbana, política e social de um Brasil que entrava na era industrial. A saída foi manter o arco dramático em torno de 11 grandes personagens e enfatizar o jogo entre a mídia e o poder.

Em 1995, o filme iniciou o seu calendário de produção que previa: 24 semanas de preparação, 21 semanas de filmagens e 28 semanas de finalização, com locações em cinco cidades brasileiras e dois países europeus. Com os inúmeros problemas, a produção se estendeu até 2004 e a finalização ocorreu em 4 etapas distintas, entre 2007 e 2015, quando o filme foi, finalmente, concluído.

Por orientação do cineasta americano Francis Ford Coppola, quando este ainda estava envolvido com a produção do longa, alguns dos testes para atores do filme foram conduzidos em forma de leitura aberta, no placo do Teatro Tabalado, no Rio de Janeiro. 

Durante as gravações da esperada cena do encontro entre Chatô e Getúlio no inicio da revolução de 1930, o trem onde estava sendo gravado o filme descarrilhou, devido à chuva torrencial que caía naquele momento. O lugar teve de ser evacuado às pressas, já que o nível da água subia rapidamente e poderia ocasionar uma tragédia. Na oportunidade, ninguém se feriu. 

Como o filme passou por diversas refilmagens ao longo dos mais de 20 anos de produção, os atores tiveram de se desdobrar para não causar erros de continuidade devido às suas aparências mudarem com o tempo. O ator Paulo Betti, intérprete de Getúlio Vargas teve de raspar duas vezes a frente de sua cabeça. Já a atriz Leandra Leal deu uma enxugada na folha de gastos da produção, já que não precisou de maquiagem ou quaisquer outros recursos para parecer mais velha e com o aspecto de uma moça de família, mãe de filhos, nas cenas do longa que narram o passar do tempo de sua personagem. 

Parece brincadeira, mas em 2000, ano em que o Adoro Cinema foi fundado, uma de suas primeiras notícias já dava conta de um dos adiamentos do lançamento de Chatô – O rei do Brasil.