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    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Pieta

    Brutalidade e carinho

    por Lucas Salgado

    Vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza em 2012, Pietá é o melhor filme da carreira do cultuado Kim Ki-duk, realizador de obras como A Casa Vazia e Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera.

    O longa conta a história de um jovem impetuoso que tem o duro trabalho de cobrar dívidas para um agiota. Ele leva uma vida sem luxos e solitária, cuja rotina é abalada pela chegada de uma misteriosa mulher, que afirma ser sua mãe. Ela pede desculpas por tê-lo abandonado e ele terá dificuldades em lidar com a situação.

    A chegada da mãe é apenas o ponto de partida para uma história repleta de reviravoltas e de brutalidade. O rapaz, vivido com competência por Lee Jung-Jin, é totalmente selvagem e não tem a menor ideia de como lidar com uma nova, e primeira, fonte de amor. A mãe, por sua vez, se revela uma personagem interessantíssima e sempre prende a atenção do espectador. Jo Min-Su vive a senhora e o faz com muita competência.

    Pietá possui cenas fortes de violência física, mental e até sexual, mas em momento algum é gratuito. Ki-duk aproveita tais sequências para tratar um pouco sobre a natureza do ser humano. Mas é curioso perceber que os momentos em que vemos um tipo de carinho podem ser tão impactantes quanto os outros.

    É curioso perceber como o filme consegue fazer despertar uma certa empatia por um personagem que quase só toma atitudes detestáveis e que possui um "emprego" que o leva a aleijar várias pessoas. O longa, inclusive, faz questão de mostrar o quão sádico é o sujeito ao colocar seu chefe questionando seus métodos.

    Neste sentido, Pietá assume-se como crítica social, mostrando a importância do dinheiro no atual sistema capitalista e como não há limites para se atingir o sucesso financeiro. O rapaz não aleija as pessoas (apenas) por que gosta. O faz para que possam receber um seguro, honrando assim o pagamento da dívida.

    O título vem da obra de Michelangelo, que traz uma mão carregando seu filho adulto nos braços. Tem tudo a ver com o filme, embora seja possível entender que aqui temos uma perspectiva diferente com relação a peça de arte.

    A relação entre mãe e filho é o fio condutor da produção. Começa quase que de forma humorística, com ela seguindo o sujeito por todos os lado, sofre com uma cena duríssima, que fará muita gente tampar a cara no cinema, e continua com os dois lidando com a nova situação, demonstrando até certo carinho um pelo outro. O protagonista é uma pessoas que passou a vida sozinho, sendo temido pelos outros. Quando se depara com a possibilidade de ser amado, acaba agindo de forma natural. É claro que o filme não acaba por aí e o espectador irá se deparar ainda com algumas reviravoltas.

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