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    Festa no Céu
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Festa no Céu

    A morte, para crianças

    por Renato Hermsdorff

    A animação Festa no Céu é de um primor visual sem precedentes, uma explosão de cores e de luz, mas que que tropeça em um roteiro um tanto quanto rocambolesco.

    O filme reúne uma espécie de dream team do cinema mexicano por trás das câmeras, ou melhor, dos sketches: é produzido por Guillermo del Toro (O Labirinto do Fauno) e dirigido pelo animador, seu conterrâneo, Jorge R. Gutierrez estreando no formato longo – e com trilha sonora do argentino Gustavo Santaolalla (vencedor do Oscar com as músicas de O Segredo de Brokeback Mountain e Babel).

    Feito por quem entende, a produção acerta em explorar os ritos referentes à celebração folclórica do dia dos mortos, evento tão tradicional quanto festivo para a cultura mexicana. Ganha pontos, de cara, por entregar um assunto tão original – e, em princípio, espinhoso – ao público infantil.

    Essa cor local ainda é traduzida, literalmente, em um universo brilhante e propositadamente exagerado (no “figurino” dos rapazes, no penteado das moças). Aliás, em um universo só, não: em três. E é aí que, apesar de ser uma lenda daquele país, a história fica um tanto quanto confusa – e inflada de personagens.

    Festa no Céu começa com grupo de crianças da pá virada que, como “punição” pelo mau comportamento, é obrigado a visitar o museu. É lá que a guia da instituição resolve percorrer um caminho diferente e apresentá-los ao "Livro da Vida" (o título original do filme é The Book of Life), o “manual” que contém todas as histórias.

    Catrina (voz de Marisa Orth na versão dublada) é La Muerte. Apesar do nome, ela é uma adorada deusa ancestral, que governa a Terra dos Lembrados. Ela é ex-mulher de Xibalba, o governante da Terra dos Esquecidos, um trapaceiro. Em uma visita à Terra dos Vivos (o terceiro mundo), eles fazem uma aposta, se aproveitando de um dos arranjos mais antigos da humanidade: o triângulo amoroso.

    Se a jovem e bela Maria, filha da maior autoridade da cidade de San Angel, escolher se casar com o emotivo violinista Manolo, dá Catrina; se o preferido for o valente Joaquim (voz de Thiago Lacerda no Brasil), Xibalba passa a governar também o Mundo dos Lembrados. E aí, acontece um sobe e desce entre os planos de deixar o espectador tonto. Não são tipos propriamente clichês. Longe disso, aliás. Tem mais a ver com arquétipos, o que engrandece o filme.

    A trilha sonora é outro destaque, mesmo traduzida para o português: há divertidas versões mariachi de músicas pop de grande sucesso como “Creep” (Radiohead) e "Do You Think I'm Sexy?" (Rod Stewart).

    No entanto, no quesito “surpresa”, a história de Festa no Céu é menos impactante do que a do primo-irmão A Noiva-Cadáver, outra animação ambientada em grande parte no mundo dos mortos. Apesar da temática (morte) e do vai e vem entre os planos, a produção de del Toro é mais voltada para o público infantil do que a criação de Tim Burton, pelo nível das piadas e apelo visual. Um belíssimo apelo, por sinal.

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    Comentários

    • Josimar Farias (josimarster)
      faltou o resto do resumo
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