Terror dirigido por James Wan salva gênero de ser perpetuado como longas clichês e feitos para diversão de adolescente. Agora com um investimento mais alto, James Wan, conhecido por dirigir Sobrenatural e o primeiro Jogos Mortais, conta a história de Ed e Lorraine Warren, um casal que investigava o paranormal, com maestria e sutileza.
O longa narra a história da família Perron, que após se mudarem para uma casa no campo, descobrem que esta está assombrada, e não demora muito para que os membros comecem a serem perturbados por tal assombração. Sem saída e sem saberem o que fazer, os Perron chamam aos Warren, que vão à casa para verificar se o caso é real e enfim solucioná-lo.
Com um currículo que já lhe acrescenta experiência, James Wan conduz o filme com elegância. Seu modo de girar a câmera é sutil e delicado, fazendo com que as proporções dos sustos fiquem maiores e inesperadas. A linguagem cinematográfica que o diretor usa através das câmeras é excelente. No início do filme, quando a família chega à casa, acompanhamos a chegada já dentro de um dos cômodos, através de uma das janelas; a câmera vai acompanhando a família por dentro da casa até esta chegar nela, e essa técnica sugere que Wan usa a câmera como, possivelmente, os olhos de um alguém que os observa — e é exatamente isso que sentimos através da condução da câmera: como se sempre alguma coisa os estivesse observando.
Wan também faz um bom uso da fotografia. Dentro da casa a fotografia escurece, dizendo claramente que ali há algo ruim. Já fora, ele usa uma tonalidade comum, sem filtro, clareando a fotografia. Há, inclusive, uma cena na qual uma das garotas Perron carrega um brinquedo de dentro da casa para fora. Quando ela o abre, tocando a sua música, uma nuvem passa pelo céu e o ambiente começa a escurecer. Quando a música acaba, o ambiente volta a se iluminar.
O diretor alterna o filme entre cenas do núcleo da família Perron e dos Warren, deixando estes em segundo plano, já que a assombração é o centro do filme e a trilha sonora que abre o longa é clássica de filme de terror e serve para aumentar a atmosfera de medo que norteia o filme.
James Wan conta com um bom elenco de atores que provam ser capazes no que fazem. Patrick Wilson, repetindo a parceria com o diretor nos dois Sobrenaturais, encarna o demonologista Ed "Edward" Warren. Vera Farmiga faz a sua esposa, a médium e religiosa Lorraine Warren. Ron Livignston talvez faça um Roger Perron contido, porém, talvez isso seja um fator para que contribua para a trama. E Lili Taylor encarna Carolyn Perron na medida certa.
Através de Invocação do Mal, James Wan prova que não precisa ser bárbaro — dando sustos constantes e matando personagens com frequência — para provar que o longa encaixe perfeitamente no gênero de terror. Como clássicos bem sólidos e convincentes como O Exorcista, Wan constrói um terror psicológico que martela na cabeça do espectador, além de usar um excelente suspense que quase faz nossos corações pularem pela boca. O fator surpresa, claro, é o casal Warren, que servem como ponto de esperança para a trama. O filme trata claramente da falta de fé nas pessoas, e como ela é importante em momentos como esse, e o casal Warren torna a mensagem mais gritante. A mistura desses dois elementos é narrada da maneira certa, e salva o terror de ser enterrado no cinema atual.
Invocação do Mal pode atingir todo o público: os adolescentes babacas — que em sua maioria beberam da fraca franquia Atividade Paranormal — que vão atrás de tomar sustos, já que o filme também traz um bom entretenimento; os fãs do gênero de terror e, claro, os cinéfilos de carteirinha. Talvez os filmes anteriores de Wan não sejam um dos melhores, mas com os Warren o diretor prova que é capaz quando acreditam que pode ser capaz.
Nota: 8/10