Como compreender a histeria da população sobre dois criminosos terríveis, assassinos confessos? Porque a transgressão causa tanto hype, se ela é injusta? E os homens da lei, que arriscam suas vidas pela sociedade, porque seus atos valentes são esquecidos pelo povo? Enquanto a figura dos criminosos nas capas de revistas garantem sua grande tiragem e são imortalizados na cultura pop. Sob esta reflexão que o filme se desenvolve, pelo olhar dos dois protagonistas, policiais, heróis que detiveram Bonnie & Clyde, mas que sentem o passar dos anos e dividem a culpa e o arrependimento pelo seu passado sangrento.
Essa carga reflexiva pode surpreender o espectador, que vai esperar um filme com mais ação e perseguição, culpa um pouco do material promocional que transmite um ar de neo western policial. No entanto, quem se desprender dessa expectativa terá um bom material ao seu dispor, ainda mais para quem tem o filme de 67 na bagagem, pois a romantização dos crimes dos bandidos é complementar ao ponto de vista realista de The Highwaymen.
Dito isto, uma análise técnica se torna desnecessária, já que o filme não inova em nada e também não comete erros grotescos. Só me incomodei com a escolha estética, que poderia ter a fotografia e trilha sonora com os padrões de filmes Western, já que Bonnie & Clyde (67) é um representante de peso, e Costner e Harrelson são atores que caem bem em personagens do gênero.
Sendo essa minha única ressalva, a Netflix, equipe técnica e roteirista estao de parabéns pela produção, pela escolha do tom do filme e por trazer o inesperado.