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    Ponto Final
    Críticas AdoroCinema
    0,5
    Horrível
    Ponto Final

    TRISTE DESTINO

    por Roberto Cunha

    Exibido no Festival de Gramado de 2011, este segundo trabalho do diretor e roteirista Marcelo Taranto (A Hora Marcada) teve uma péssima recepção da plateia. O autor dessas linhas estava presente e faz coro junto aos que se sentiram constrangidos ao assistir o filme, não pelo assunto tratado, mas pela qualidade da obra.

    Com a premissa de apresentar uma trama que explora a indignação e o desespero de um pai (Roberto Bomtempo), que perdeu uma filha vítima da violência urbana, a primeira cena já é um senhor cartão de visita e das mais desagradáveis. Afinal, o espectador encara um monólogo desanimador proferido pelo motorista de um ônibus.

    O personagem, interpretado por Othon Bastos (em seu segundo trabalho com o cineasta), parece estar sempre acima do tom e quando quebra a quarta parede, tentando estabelecer alguma conexão com o público, o resultado fica ainda mais desastroso. Mas não está em jogop aqui a capacidade do elenco formado, aliás, por atores competentes, como os já citados Bomtempo e Bastos, além de Dedina Bernadelli (No Meu Lugar), Sílvio Guindane e a premiada (para muitos superestimada) Hermila Guedes.

    O problema mesmo está no roteiro. Repleto de diálogos soltos, pretensiosos e até panfletários, é tarefa das mais difíceis se sentir envolvido por ele e embarcar na história. Taranto chegou a dizer em entrevista que seu trabalho é filme de autor e sem muitas concessões, mesclando realidade e imaginário. Ou seja, um longa para poucos e aqueles com "capacidade para decodificar a possível mensagem embutida, escondida atrás de frases de efeito sofríveis. "Minha vida é uma rua sem saída" ou "Chiclete mastigado não tem doce, mas tem saliva", são só alguns exemplos.

    Entre as curiosidades, é possível identificar a "presença" de Caronte (da mitologia grega) entre os personagens, mas infelizmente essa ideia interessante acaba assasssinada pelos problemas já citados acrescidos de uma edição ruim e a longa duração. Pode ser arriscada tal afirmativa, mas uma nova montagem e um corte de uns 15 minutos poderiam fazer diferença no resultado final.

    Assim, para não dizer que tudo não passou de um grande erro, o trabalho de cenografia e o uso de carrocerias de ônibus (rola um merchandising violento) foi um grande acerto, oferecendo ao público algumas cenas de bom impacto visual. Mas para por aí, porque no meio do caminho os desvios são muitos, traçando para este longa um triste destino: o esquecimento. E Ponto Final.

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