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    Jobs
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Jobs

    Não foi dessa vez

    por Lucas Salgado

    O sucesso recente de cinebiografias como Piaf - Um Hino ao AmorA RainhaRay acabaram gerando um resultado ruim no cinema, que é a impressão de que o mais importante para um filme do tipo é que seu protagonista seja muito parecido com o personagem principal. No caso dos longas acima, o resultado foi positivo, mas esta não é a situação de Jobs.

    Dirigido por Joshua Michael Stern, o filme aposta nas semelhanças físicas entre Ashton Kutcher e Steve Jobs e ignora o fato do ator estar em um momento tão ruim na tela grande que foi obrigado a retornar às telinhas com Two and a Half Man, anos após That '70 Show.

    É importante destacar, no entanto, que o fato de Kutcher não entregar uma atuação memorável não é o maior problema da produção. A grande questão é que o roteiro do estreante Matt Whiteley comete o erro de querer contar toda a vida de Jobs em pouco mais de duas horas. Felizmente, deixou de fora sua infância. Mas a juventude na faculdade, o início da Apple, o crescimento, a sua saída da empresa, o retorno está tudo lá. Como especial para a televisão seria aceitável, como cinema não funciona.

    Ao tentar abranger quase 30 anos da vida do sujeito, o longa acaba sendo superficial demais. Tudo é mostrado correndo. Ele tem uma namorada, ele acaba com a namorada. Ele tem um amigo, ele briga com o amigo. Ele recusa a filha, ele aparece ao lado da filha em uma situação família. Tudo é jogado na tela, sem elos de ligação, sem passagens de tempo adequadas ou inteligentes.

    O maior mérito da produção está em não esconder o lado, digamos, babaca de Jobs, ao retratar a forma como ele passava por cima das pessoas e não se deixava envolver por relacionamentos amorosos e de amizade. Não ignora seu lado visionário, mas também deixa claro que não foi a única pessoa responsável pela criação da Apple.

    Kutcher se esforça, tenta repetir gestos e poses de Steve, mas lhe falta talento dramático para as cenas mais tensas. O destaque dentre as atuações acaba sendo Josh Gad, que vive Steve Wozniak. Dermot MulroneyMatthew ModineJ.K. Simmons entregam atuações caricatas e pouco profundas. E o que falar de James Woods, desperdiçado em uma ponta de poucos segundos.

    Com uma trilha sonora irritante e excessiva, Jobs ainda não é o filme que Steve Jobs merece. No momento, outros projetos em Hollywood prometem contar sua história. É esperar para ver se serão mais bem sucedidos. Tomara.

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