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    UglyDolls
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    UglyDolls

    A maior beleza é a interna

    por Barbara Demerov

    Quando algumas animações infantis conseguem ultrapassar temáticas mais simples e de fácil resolução em prol de entregar uma mensagem crível e humana, capaz de afetar até outros públicos-chave, este é um feito realmente positivo. Afinal, não são apenas crianças que as assistem: adultos também são espectadores diretos destas histórias. Em Uglydolls, a ideia de apresentar personagens nas formas de bonecos "feios" e rejeitados traça um paralelo àqueles que não se sentem representados no mundo real, sendo esta a principal porta para a humanização dos mesmos.

    O grupo de bonecos, que vive na colorida e alegre cidade Uglyville, é capitaneado por Moxy, uma jovem rosa que, além de sonhadora, é capaz de sentir que há algo a mais fora do pacato local. Boa parte de sua motivação vem por conta de querer ser e ter uma companhia diferente – um humano, no caso. Ela é inicialmente desacreditada pelos amigos (por mais que eles tentem dar apoio), mas a força de vontade para atravessar o túnel que liga UglyVille a algum lugar novo já é o suficiente para que todos se unam perante ao desconhecido.

    Uglydolls carece de um desenvolvimento mais profundo – desde a história dos locais apresentados até o background dos personagens –, mas é evidente que, como entretenimento, a animação consegue atingir sua missão. Os números musicais possuem letras que falam abertamente sobre a dificuldade que todos os seres ali (tanto os uglydolls quanto os bonecos do outro lado do túnel, feitos para serem perfeitos) enfrentam para conquistarem a aprovação, por mais que não concordem com aquilo que é imposto. O simples fato de alguém precisar usar óculos é tido como uma anomalia segundo Lou, boneco que prega que a perfeição é seguir o padrão de beleza externa sem se importar com o que está dentro de cada um.

    Os pensamentos dos uglydolls são mais ingênuos que os dos bonecos feitos para o mundo real, mas o filme não vilaniza o segundo grupo de modo a se tornar uma competição. Tudo o que Lou impõe (o preconceito, a rejeição e a falta de empatia) acaba se contra ele mesmo – mas tudo de uma forma descomplicada. A fácil compreensão dos eventos, assim como a rapidez, influenciam na previsibilidade da história como cinema mas mantém em alta uma mensagem forte e coerente; especialmente em tempos em que é tão importante olhar para o lado e se colocar no lugar do outro.

    Apesar do visual deixar a desejar por conta de nenhuma das cidades possuir uma identidade mais diferenciada (a vila dos uglydolls lembra a de Trolls), há inúmeras referências de outras animações infantis que compõem este pequeno universo, desde Três Espiãs Demais pelo visual de algumas bonecas até Monstros S. A. e PéPequeno pelas mensagens contidas próximo do desfecho. Nenhuma delas incomoda ou soam forçadas para dar um gás na narrativa, mas de certa forma tiram um pouco da originalidade da animação.

    Separados por um túnel escuro, tanto os uglydolls quanto os bonecos com uniformes perfeitos passam a entender que as mesmas resposas existem em ambos os lados, desde que haja a compreensão de que ser diferente não é estranho, errado ou absurdo. As diferenças podem unir e criar forças nunca mentalizadas antes, assim como também podem ajudar a entender que o mundo é muito maior do que imaginamos; basta atravessar a escuridão para encontrar a luz.

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