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    Amor é Tudo o que Você Precisa
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Amor é Tudo o que Você Precisa

    Sob a sombra do câncer

    por Francisco Russo

    A comédia romântica é um gênero que depende muito da química entre os atores e do grau de leveza da história para que possa capturar o público e, se for bem sucedida, provocar aquela sensação de bem estar após a sessão. Amor é Tudo o que Você Precisa, novo trabalho da diretora Susanne Bier (Em um Mundo Melhor), busca explorar os elementos típicos do gênero com uma história que vai um pouco mais longe do que o usual, já que aborda temas mais pesados. Se por um lado esta ousadia traz um perfil diferente a uma história já batida, por outro é justamente ela a culpada do filme ser um tanto quanto travado, no sentido dos personagens terem dificuldades de se entregar de fato à possibilidade do amor. O que, para uma comédia romântica, é um problema sério.

    A história acompanha a vida de Ida (Trine Dyrholm, bem em cena), que acaba de se submeter a um tratamento de quimioterapia. Ainda com receio de não estar curada, ela descobre que o marido a está traindo com uma contadora do trabalho – uma versão dinamarquesa da loira burra, por assim dizer. Pouco depois, Ida parte para a Itália, onde sua filha Astrid (Molly Blixt Egelind) está prestes a se casar. Só que, ainda no aeroporto, acaba provocando um acidente de carro com Philip (Pierce Brosnan), o pai do noivo. Após uma rápida discussão, eles decidem viajar juntos para o local.

    Amor é Tudo o que Você Precisa contém várias características clássicas do gênero: um cenário bucólico, explorando as belas paisagens do sul da Itália; desentendimentos iniciais entre os dois candidatos a pombinhos; personagens coadjuvantes estereotipados, que criam situações constrangedoras – a contadora, a cunhada, a sobrinha, o amigo italiano... -; e o processo de descoberta do amor. Esta ausência de novidade no formato não chega a ser uma crítica, boa parte das comédias românticas segue este caminho e algumas com bastante competência. O grande problema do filme é que a história jamais deixa de lado um certo peso trazido pelo câncer. É como se a sombra da doença impedisse a história de fluir naturalmente, servindo sempre de alerta sobre o que pode vir a acontecer para estragar tudo aquilo que ainda não aconteceu. Com isso, a aproximação entre Ida e Philip acaba sendo pouco envolvente, especialmente por ela carregar consigo uma certa culpa por ter ficado doente. O modo como Ida reage perante a descoberta da traição do marido é o melhor exemplo disto.

    Apesar deste fardo constante, Amor é Tudo o que Você Precisa dá uma breve demonstração da comédia romântica que poderia ser na cena em que Trine Dyrholm e Pierce Brosnan dançam ao som de "Tintarella di Luna", a nossa mais do que conhecida "Banho de Lua". É o único momento em que a diretora Susanne Bier dá ao público a sensação real de romance. Um filme interessante pela ousadia em tocar em um tema tão sensível quanto o câncer em um gênero tão batido quanto a comédia romântica, mas que acaba deixando uma ponta de decepção pelo que poderia vir a ser. Razoável.

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