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    Truque de Mestre
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Truque de Mestre

    Golpes leves e rasos

    por Lucas Salgado

    Após chamar a atenção comandando filmes de ação com Carga Explosiva (1 e 2) e Cão de Briga, o diretor Louis Leterrier ganhou a chance de trabalhar em uma mega-produção hollywoodiana. Daí nasceu O Incrível Hulk, que conquistou alguns elogios da crítica e dos fãs, mas que ficou longe de ser um grande sucesso de bilheteria. Na sequência investiu em Fúria de Titãs, este sim um fracasso total de crítica.

    Para seu projeto seguinte, resolveu buscar algo diferente, sem muita ação ou grandes efeitos especiais. Chegamos, então, em Truque de Mestre, um longa que remete mais aos primeiros projetos do cineasta do que aos últimos blockbusters. Assim como Carga Explosiva, nos deparamos com uma história simples, regada à clichês, mas que possui início, meio e fim, e uma linha de seguimento que mantém o espectador ligado durante a narrativa.

    A produção começa como o típico filme de golpe com várias pessoas, como Onze Homens e um SegredoUma Saída de Mestre. Vamos sendo apresentados passo a passo aos personagens principais, mostrando suas virtudes e seus truques, que logo despertam a atenção de uma outra pessoa, desconhecida do espectador e dos personagens.

    Daniel Atlas (Jesse Eisenberg) é um mágico já um pouco conhecido, mas que ainda vive de pequenas apresentações. Henley (Isla Fisher) é sua ex-assistente, mas que hoje já caminha com as próprias pernas como mágica. Já Jack (Dave Franco) é um golpista que usa de técnicas de ilusionismo para bater carteiras pelas ruas. Resta Merritt (Woody Harrelson), mentalista especializado em hipnose que não é lá muito bem visto porque é... um mentalista especializado em hipnose.

    O quarteto é reunido por uma pessoa misteriosa para realizar uma série de números de mágica de grande porte. No primeiro deles, roubam um banco em Paris e entregam o dinheiro para o público, em Las Vegas. A tendência dos truques é aumentar, o que causa desespero no FBI, representado pelo agente Dylan Rhodes (Mark Ruffalo), que conta com a ajuda da bela Alma (Mélanie Laurent), uma jovem e inesperiente agente da Interpol. Em meio a tudo isso, ainda temos o milionário patrocinador (Michael Caine) do grupo, que recebe o nome de Os Quatro Cavaleiros, e o ex-mágico especializado em desvendar segredos de outros ilusionistas, Mr. M... não, é Thaddeus Bradley (Morgan Freeman).

    O grande mérito do longa é não se levar à sério. Não que seja mal feito ou mal acabado, mas se propõe a ser um entretenimento raso e faz isso com louvor. Resumindo, o filme é extraordinariamente ordinário. Possui atores carismáticos e papéis simples, e uma narrativa repleta de mistério, mas sem muita surpresa. Temos os golpistas, os perseguidores, as "vítimas" e o espectador, que como num bom filme do gênero, é levado a torcer pelos bandidos.

    Now You See Me (título original cuja tradução literal é "agora você me vê") foi escrito à seis mãos por Ed Solomon (Homens de Preto), Boaz Yakin (Príncipe da Pérsia - As Areias do Tempo) e Edward Ricourt (estreante). O texto investe em clichê atrás de clichê. Temos o complexado agente, a sexy francesa, o jovem do grupo, a garota, o atrapalhado mais velho e o garoto líder da turma. Brinca com a rivalidade entre Estados Unidos e França, fazer referência às práticas secretas e pouco convencionais de J. Edgar e usa até a simples provocação como forma de convencimento. 

    Passando por LA, Nova Orleans e Nova York, o grupo consegue carregar bem o filme, todo construído na dinâmica de gato e rato entre eles e os agentes. A química interna em cada grupo também funciona, por mais que em alguns momentos os mágicos passem tempo de mais fora da tela.

    Mesmo não se levando muito à sério, o longa comete um erro em seu último ato ao se julgar esperto demais, investindo em uma reviravolta boba e até mesmo previsível a partir de determinada parte do filme. Ainda assim, é uma obra que consegue ser bem sucedida em seu objetivo, que é divertir. É fácil imaginar a produção passando recorrentemente na TV aberta em alguns anos, até por trazer uma linguagem simples e não investir em palavrões ou sexo. Tudo é limpo e bonito. Pode incomodar aos mais exigentes, mas não deixa de ser um bom passatempo.

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    Comentários

    • edson1055
      show.
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