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    Amor e Dor
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Amor e Dor

    Beleza bruta

    por Lucas Salgado

    Se o título original fosse traduzido literalmente, o filme se chamaria, na verdade, Amor e Hematomas ou Amor e Machucados. Obviamente, Amor e Dor é mais bonito e impactante, mas sem dúvida diz menos sobre a produção. Dor acaba sendo uma palavra por demais genérica, afinal estará presente em todo relacionamento, seja em seu fim ou nos momentos que geram este. Já os hematomas são marcas da relação presente no longa. Isso não significa que existe uma agressão constante por parte dos personagens, mas sim que a vida dos mesmos é marcada por tais machucados.

    A história é simples. Hua é uma chinesa que estuda em Paris e que, pouco depois de terminar um relacionamento, conhece Mathieu, um sujeito que trabalha montando barracas de rua e realiza pequenos delitos com a ajuda de amigos. Os dois dão início a uma relação intensa que vai afetar de forma brusca suas vidas.

    Exibido no Festival de Veneza de 2011, o filme é dirigido pelo jovem e polêmico cineasta chinês Lou Ye, que chegou a ser proibido de filmar em seu país por cinco anos após ter realizado Palácio de Verão (2006), em que abordava o protesto na Praça da Paz Celestial em 1989. Sem muito espaço na China, resolveu trabalhar na França, mas sem esquecer suas raízes. Amor e Dor tem cenas rodadas em Pequim e traz uma protagonista chinesa, que aborda costumes locais. A sexualidade, outra marca da cinematografia de Ye, também está presente na obra, que conta com inúmeras cenas de sexos, sendo algumas delas pesadas, seja pela violência vista em cena, seja pela carga emocional dos personagens.

    A narrativa é bem construída e o espectador fica preso no filme durante seus 105 minutos. Só há um problema: é difícil se identificar com qualquer um dos protagonistas. Vivida por Corinne Yam, Hua se apresenta como uma mulher moderna e independente, mas pouco depois já se mostra submissa e sem personalidade. Já Mathieu, que é interpretado pelo ótimo Tahar Rahim (O Profeta), surge como um sujeito boa pinta e preocupado, mas que logo se revela capaz de um ato duro e violento. Difícil aproveitar um romance em que nenhum dos protagonistas disperta curiosidade. Assim, resta aproveitar o drama.

    Adaptação do romance "Bitch", de Jie Liu-Falin, o longa tem uma direção de fotografia impressionante de Nelson Yu Lik-wai. A opção pela câmera na mão foi acertada, dando bem o tom de realidade e desespero transmitido pela obra. A edição de Juliette Welfling já não é tão boa, não passando bem ao espectador a passagem de tempo da história.

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