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    Uma Doce Mentira
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Uma Doce Mentira

    AMARGA HISTÓRIA DE AMORES

    por Roberto Cunha

    Comédias românticas caíram nas graças do espectador e os produtores estão de olho no gênero, que muitas vezes se mistura com outro menos famoso, mas igualmente importante por fazer rir, mas também pensar: a comédia dramática. Uma Doce Mentira ficou no meio termo entre os dois, perdeu um pouco de sua força, mas sem deixar de ser bom.

    O primeiro ponto positivo foi a escolha da pequenina Audrey Tautou para viver uma personagem irrascível, covarde e egoísta. Dona de um salão de beleza, sua história de vida não tem nada de bonita e seu momento atual anda bem feio. Seu pai artista plástico engravidou uma mulher mais jovem e a mãe, uma antiga musa dele, não aceita o fato de ter sido trocada e perde o interesse por viver.

    Para aumentar a auto-estima dela, a filha envia uma carta de amor anônima, usando o lindo texto de uma missiva que recebeu, escrita, sem que ela soubesse, por seu funcionário apaixonado. Só que ela esqueceu que precisaria sustentar essa farsa e o sentimento anda passando longe do seu coração. Aonde arranjar inspiração? Com esses contornos de comédia de erros, essa interseção de três "vítimas" da depressão em diferentes níveis e "prontos" para amar se revela interessante aos olhos do espectador.

    Nos papéis coadjuvantes, Nathalie Baye (Prenda-me Se For Capaz) representa bem a angústia da mulher abandonada e carente de um amor, Sami Bouajila (Fora-da-Lei) é a própria timidez de um poliglota apaixonado e a jovem Judith Chemla (Versailles) ajuda a afrouxar o riso, como a abobalhada atendente Paulette.

    Dirigido e roteirizado por Pierre Salvadori (Amar... Não Tem Preço), algumas sequências emocionam pelo texto e/ou pelas imagens. Entre os destaques, aquela em que Jean vê sua amada em diferentes cores enquanto narra seu amor é mágica e a emoção toma conta da tela num belíssimo diálogo travado entre sombras com forte desfecho para um dos personagens.

    Assim, o maior pecadilho desta produção é a falta de ritmo. Dividido entre o romântico, dramático e engraçado, o roteiro criou "barrigas" e deixou de ter uma dinâmica mais envolvente. De qualquer forma, vale lembrar que o antagonismo daqueles que deveriam formar o par romântico (ele inteligente e ela meio burrona) funciona e cativa. Tivessem investido mais no romance, seria mais do que uma amarga história de amores com final feliz.

    Assista o trailer, veja curiosidades e fotos em Uma Doce Mentira.

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