Um casal americano em Londres
por Francisco RussoDesde que foi indicado ao Oscar de melhor ator, por 127 Horas, James Franco resolveu abraçar o mundo do cinema de uma só vez. Passou a investir na carreira de diretor, apesar de seus filmes serem bem duvidosos e quase sempre fiquem restritos ao ambiente dos festivais. Como ator, ao mesmo tempo em que encontrou abrigo nas comédias amalucadas ao lado dos parceiros Seth Rogen e Evan Goldberg (É o Fim, A Entrevista), passou a explorar filmes de gênero, como Linha de Frente e este Risco Imediato. Todos projetos abaixo do que realmente pode render. Apesar deste recente histórico, espanta a escolha por este filme devido à baixíssima qualidade do roteiro.
A trama do longa-metragem é clichê até dizer chega: casal endividado (Franco e Kate Hudson, ambos no piloto automático) aluga quarto para desconhecido, que morre subitamente. Eles encontram uma maleta escondida, repleta de dinheiro, que pode salvar a casa em que vivem e ainda realizar um punhado de sonhos. É claro que seguem em frente, ignorando todo o risco inerente que, é claro, bate à sua porta. Ah, eles moram em outro país, são "forasteiros". Este é um dos poucos itens interessantes, já que a fotografia busca uma Londres nublada que reflete também o estado de espírito do casal principal.
Mais do que trazer uma história batida, Risco Imediato peca pela absoluta falta de lógica do roteiro. A começar pela morte do inquilino, que aconteceu no dia anterior mas, ainda assim, há o som da TV subindo abruptamente após sua suposta morte - e ainda o cheiro impregnado do cadáver poucas horas após o falecimento. Com o desenrolar da trama, as justificativas em torno dos traficantes e do policial interpretado por Tom Wilkinson (completamente perdido) são as mais estapafúrdias possíveis. Chega a dar pena do quão mal aproveitado é Omar Sy (de Intocáveis) ao vê-lo fazer cara de mau ao explicar o porquê de seu traficante se chamar Genghis Khan.
Para complicar ainda mais a situação, Henrik Ruben Genz - diretor e roteirista, ou seja, culpado maior deste desastre - ainda por cima é extremamente didático nos diálogos e também nos enquadramentos de câmera, sempre antecipando ao espectador o desenrolar da narrativa. O resultado é um filme burocrático que, mais do que repetir fórmulas batidas do cinema de gênero, as banaliza de tal forma em busca de transmitir alguma tensão que a situação como um todo termina por ser risível. O desfecho no casarão abandonado, repleto de "armadilhas" no melhor estilo Esqueceram de Mim e vilões que ressuscitam para ter uma morte mais dramática, é o melhor exemplo. Péssimo filme, daqueles que os atores envolvidos deveriam ter vergonha de relembrar ao conferir sua filmografia.