Em 1984, o diretor James Cameron apresentou o primeiro filme da franquia Terminator. A série conquistou os seus fãs e teve o seu ápice em 1991 com o lançamento de Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final. Mais de 30 anos depois do primeiro filme, nós somos reintroduzidos ao universo do exterminador.
Exterminado de Futuro – Genesis é uma introdução da franquia para uma nova geração sem, necessariamente, ser um reboot. O filme é cheio de autorreferência e frases de efeito que já se tornaram clichês para as pessoas que cresceram vendo os filmes anteriores, repetições de situações no mesmo universo pode incomodar, pois nada é acrescentado no que já é conhecido e acaba se tornando uma versão genérica do original.
A reconstrução de cenas da versão de 1984 é interessante do ponto de vista cenográfico, transportar 2015 para a década de 1980 não é fácil, reproduzir detalhes de uma época que passou é um trabalho complexo.
Kyle Reese é o guia do público em Gênesis, ele nos apresenta ao mundo apocalíptico após o ataque da Skynet, algo que não é visto no primeiro filme e que serve para percebemos como o mundo tal como conhecemos nunca fará parte da realidade do personagem. Enquanto no filme de 1984 Reese era franzino, desesperado para propagar sobre o futuro da humanidade e extremamente protetor da Sarah Connor, na versão atual nos deparamos com um soldado capacitado e com um porte físico mais imponente, no entanto, o desespero e traumas, consequências de um futuro condenado, são insignificantes, a missão central perde o propósito por conta do rumo que o roteiro dá à trama.
A inevitável comparação fica por conta de Sarah Connor. Ela passa de uma jovem mulher que precisa ser protegida no filme de 1984 para quase uma máquina de combate em O Julgamento Final, talvez, se tornando uma dos ícones pioneiros do Girl Power. Em 2015, Sarah Connor se tornou uma jovem adulta com ares infantil, abordando dilemas que todo adolescente aparentemente enfrenta e perdendo a essência da personagem original. A tentativa de torná-la uma combatente desde o início não funciona, pois o biótipo da Emilia Clarke não se encaixa com os personagens típicos de filmes de ação, não tornando as cenas que exigem mais fisicamente críveis.
John Connor outra vez é o X da questão. Ao invés de ser a solução mais uma vez ele é o problema e, desta vez, não para as máquinas. Antes do lançamento do filme nos cinemas o destino de John Connor já estava traçado, os trailers e cartazes de divulgação não fizeram questão de esconder o rumo do personagem, a escalação do ator Jason Clarke pode ter sido o primeiro indício, o seu rosto já entrega um ar de maus presságios. Toda a estrutura do personagem, o figurino e as cicatrizes são os maiores indicadores do seu destino. O problema não é tornar Connor um dos vilões, mas a toda a crença desenvolvida para torná-lo o salvador desde o início perde todo o sentido, sendo mais uma pista de que o rumo da franquia será outro.
O retorno de Arnold Schwarzenegger como Exterminador é o trunfo do filme, a nostalgia de vê-lo confortável no seu maior papel é gratificante. A introdução de emoções no cyborgue é um reflexo de como o ator se sente a vontade no personagem. Apesar de não ser a primeira vez que o Exterminado transmitir emoções, esta é mais escrachada, a todo momento há um resquício de humanidade na androide. A tentativa de transformar o Exterminador, Sarah Connor e Kyle Reese em uma família disfuncional é o grande exemplo disso.
A tecnologia está muito mais presente neste quinto filme, a atual realidade que vivemos foi uma grande oportunidade de explorar o termo atualização, pois tudo se torna obsoleto em uma velocidade muito grande mesmo que esteja apto para uso, mas para a sobrevivência é necessário a novidade mais recente.
E em uma tentativa de conquistar novos fãs, O Exterminado do Futuro – Gênesis acaba deixando de lado as gerações anteriores que acompanharam o surgimento e ascensão da franquia, talvez seja a hora de um reboot oficial para reconquistar ambos os espectadores.