Além da Vida: Crítica AdoroCinema

A temática espírita que invadiu os cinemas brasileiros no ano passado parece ter encontrado eco na Terra do Tio Sam. E por lá, foi o talentoso ator e cineasta Clint Eastwood quem levou para as telas um filme sobre o questionamento da vida após a morte, mas será que você vai gostar?

Sob o pretexto de interligar três pessoas distintas, Além da Vida começa com uma boa cena de ação com efeitos especiais (algo incomum na carreira do diretor), reproduzindo um tsnumani ocorrido na Indonésia onde a francesa Marie (Cécile de France) vivenciou uma experiência de morte que mudará sua vida.

Enquanto isso, em Londres, um menino busca desesperadamente, e sem sucesso, uma resposta para o falecimento de um ente muito querido e que, de certa forma, bagunçou ainda mais a sua combalida existência. A espinha dorsal da história será o americano George (Matt Damon), um cara que considera o dom de se comunicar com os espíritos uma maldição em plena São Francisco, Estados Unidos.

Independente da crença ou não no espiritismo, até porque é mostrado que existe charlatanismo, o drama é uma história de amor e solidão, vivenciada pelos personagens, no sentido mais literal das palavras, mas com relativa superficialidade. Por mais que esteja claro que os elos dessas vidas irão se unir em alguma momento e os atores estejam bem nos respectivos papéis, fica uma nítida sensação que faltou alguma coisa para tornar a trama mais consistente, mais tocante.

E isso pode ficar mais evidente nas tais “conexões” rápidas que o personagem principal faz com os mortos (o gestual é frágil e repetitivo), na sua resistência “meia bomba” à tal dádiva que possui ou ainda nas forçadas de barra para que determinado rumo seja tomado e tudo se encaixe. Para você ter uma ideia, tem até um momento Ghost - Do Outro Lado da Vida vivenciado pelo menino.

No elenco, o destaque vai para a atuação da bela Cécile de France e para Bryce Dallas Howard, numa pequena participação, mas num grande momento quando seus olhos se inundam de lágrimas. Os pequenos George e Frankie McLaren também cumprem seu papel a altura.

Entre as curiosidades da produção, uma homenagem para o hábito de ler (o produto livro é quase um personagem do filme) e os fãs de Charles Dickens vão curtir ainda mais esse ponto. A trilha sonora coerente composta por Eastwood (sim, ele adora e faz bem), em alguns momentos, parece possuir acordes de um clássico sobre o tema: Em Algum Lugar do Passado, estrelado por Christopher Reeve. Os mais ligados em detalhes verão merchandising de Google, You Tube e até Blackberry.

Assim, Além da Vida tem uma carga de dor e sofrimento, mas ficou comercial o bastante para se perder em meio as manipulações de um roteiro que parece ter ficado no meio do caminho entre um romance (porque flerta com isso) e uma rasa explicação para quem vive em busca de uma resposta para a morte. No fundo, trata-se de uma história onde o resultado - para muitos - pode ficar aquém de uma bom filme.

Assista o trailer em Além da Vida.