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    O Homem que Mudou o Jogo
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    O Homem que Mudou o Jogo

    FORÇA DE UM ROTEIRO

    por Lucas Salgado

    O Homem que Mudou o Jogo prometia contar a mesma história já vista em várias produções sobre times esportivos, em que um sujeito, contra tudo e contra todos, adota uma tática pouco ortodoxa para obter sucesso no jogo. O esporte da vez é o baseball, o que por si só já é outro defeito para nós brasileiros, afinal somos, salvo exceções, completamente ignorantes com relação as regras e as competições.

    Felizmente, o longa é tudo, menos ordinário. Por mais que traga alguns clichês do gênero, consegue desviar o foco da história, saindo do baseball para a figura do manager Billy Beane - interpretado pelo sempre competente Brad Pitt. Ao estudar este indivíduo, o filme consegue, inclusive, despertar o interesse no esporte, afinal a paixão e os receios dele são reflexos dos anos vividos dentro do campo.

    A grande força de Moneyball (no original) está no roteiro escrito a quatro mãos por Steven Zaillian (A Lista de Schindler) e Aaron Sorkin (Meu Querido Presidente). É difícil saber quem escreveu o quê, mas é nítida a presença da escrita de Sorkin na produção. Assim como A Rede Social, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, o novo longa é centrado nos diálogos. O que importa aqui são as conversas entre os personagens, como fica claro no momento em que Brad Pitt tenta fazer um grande discurso, mas é mal sucedido. É praticamente uma alfinetada em todas as produções que trazem grandes e motivadoras falas antes dos jogos finais.

    Em 2002, o pequenino Oakland Athletics surpreendeu o mundo do baseball ao conseguir destaque na Liga Americana mesmo contando com a menor folha salarial de todos os times profissionais. O longa busca mostrar justamente o "truque" que levou o time ao sucesso, e que passou a ser adotado por muitas outras esquipes da MLB (Major League Baseball) nos anos seguintes.

    Auxiliado por Peter Brand (Jonah Hill), Billy Beane resolveu pensar diferente e prestar mais atenção nas estatísticas do que na "esperança/expectativa" de olheiro veteranos. E a tática deu resultado, dependendo do ponto de vista, é claro.

    Brad Pitt está sensacional no papel, dando ao personagem uma autenticidade impressionante. Apesar de muitas vezes ser destacado apenas por seus atributos físicos, é inegável que se trata de um dos melhores atores de sua geração. Ele ainda possui o mérito de escolher muito bem seus trabalhos. Em 2011, por exemplo, além de O Homem que Mudou o Jogo, esteve em A Árvore da Vida, sendo que ambas as produções foram indicadas ao Oscar de Melhor Filme.

    Se a boa performance de Pitt não pode ser considerada uma surpresa, tendo em vista toda sua carreira, o mesmo não se pode dizer do desempenho de Jonah Hill. Ele nunca foi um ator ruim, mas até então era sempre visto em papéis de coadjuvantes em comédias como Ressaca de Amor e Tá Rindo do Quê?. Hill ainda aparenta ser uma figura engraçada no longa, até por estar meio deslocado naquele meio, mas logo se mostra fundamental para o desenvolvimento da trama.

    O elenco conta ainda com as presenças de Robin Wright, Kathryn Morris e Philip Seymour Hoffman. O vencedor do Oscar por Capote, inclusive, é prova de como o desenvolvimento dos personagens principais funciona. Em determinado momento, Hoffman acaba agindo como uma espécie de antagonista de Beane. O interessante é que quando isso acontece, nos vemos torcendo pelo personagem de Pitt, numa demonstração clara de que o mesmo conseguiu conquistar a simpatia dos espectadores.

    Falando na cinebiografia de Truman Capote, é necessário destacar a presença do diretor Bennett Miller, que realiza seu primeiro longa desde aquela produção de 2005. Ele conduz bem a narrativa, fazendo com que o interesse pela história esteja presente durante todos os 133 minutos de projeção. É claro que para isso contou com a importante ajuda do editor Christopher Tellefsen (Jogo de Poder).

    Também deve ser ressaltada a trilha sonora de Mychael Danna, que em alguns momentos lembra mais um road movie do que um filme sobre esporte. Dentro do lado musical, é interessante o uso da filha de Beane (Kerris Dorsey) para inserir uma canção especial da história, no caso "The Show", de Lenka.

    O Homem que Mudou o Jogo é um grande filme. Conta com uma ótima direção de fotografia e uma edição de som centrada nos diálogos. Indicado a seis categorias no Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator, o longa deve ser conferido. E não tenha medo, não é um filme sobre baseball.

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    Comentários

    • pedro linhares filho
      Excelente resenha, gostei!
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