Levou só 1 dia para se tornar o filme número 1 da Netflix, mas este suspense de ficção científica tem um problema: Algo parecido já foi feito há 40 anos... e melhor
Bruno Botelho dos Santos
-Redator | crítico
Bruno é redator e crítico do AdoroCinema, que divide seu tempo na cultura pop entre tomar susto com os mais diversos filmes de terror, assistir os clássicos do cinema ou os grandes blockbusters e enaltecer o trabalho de David Lynch e Stanley Kubrick.

O melhor de Brick é sua premissa, mas isso já nos rendeu um episódio lendário da série Hammer House of Mystery and Suspense.

>

Quando se trata de filmes de ficção científica, pensamos em grandes épicos que nos levam a mundos ou universos muito diferentes do nosso. Seja com batalhas espaciais, futuros imperfeitos e rebeliões de máquinas. Todas essas histórias são divertidas, mas o gênero surpreende ainda mais quando personagens muito reais e cotidianos precisam confrontar um evento inexplicável que altera drasticamente suas vidas. É por isso que Brick fez sucesso, mas ele causa uma sensação tão grande de déjà vu ao assisti-lo.

Lançado em 10 de julho, este filme alemão tornou-se um dos maiores sucessos recentes da Netflix, com mais de 18,2 milhões de visualizações apenas na primeira semana – alcançou o topo da plataforma em apenas 24 horas – oferecendo uma intrigante sala de escape com um mistério profundo. E conseguiu isso apesar das críticas pouco positivas do público e da imprensa. Muitos concordam que, apesar da premissa intrigante, seu desenvolvimento é genérico devido aos seus personagens superficiais e um final fraco.

Brick acompanha um jovem casal descontente, Matthias Schweighöfer (Tim) e Ruby O. Fee (Olivia) – você pode reconhecer ambos de Exército de Ladrões: Invasão da Europa. Um dia, eles acordam e encontram seu apartamento envolto por uma estranha parede preta, que cobre portas, janelas e qualquer outra abertura que tentem fazer para o exterior. Sem saber como esse paredão foi parar ali da noite para o dia, eles precisarão contar com a ajuda de seus vizinhos para conseguir sair dessa armadilha com vida.

Uma história que lembra um clássico de mistério

Um problema é que isso já foi visto antes, e melhor, em um episódio de uma série de TV britânica que talvez os fãs mais veteranos de ficção científica ainda se lembrem: Brinquedo de Criança, da Hammer House of Mystery and Suspense.

No episódio, o risco se apresentava de forma muito mais constante e ameaçadora. Então, se você gostou da premissa e não sabia nada sobre Brinquedo de Criança, talvez fosse melhor você pesquisar online por essa história antes de dar uma chance ao filme disponível no catálogo da Netflix escrito e dirigido pelo cineasta alemão Philip Koch.

Voltando a Brick, vale mencionar que não temos apenas Tim e Olivia aqui. Acontece que o muro os isolou do mundo exterior, mas não de seus vizinhos. Essas relações tornam o filme cada vez mais monótono com o passar dos minutos, e não para melhor. O drama de um casal descontente que não se suporta e precisa reaprender a se amar e a trabalhar juntos para sair dessa situação é obscurecido por personagens clichês.

Outro problema é que o quebra-cabeça não tem uma resolução tão surpreendente, bem diferente de Brinquedo de Criança, onde você poderia facilmente cair da cadeira na reviravolta final, que acontece muito mais cedo do que imaginamos e é mais fruto da sorte do que do reflexo de seus personagens. Ele também não se aprofunda na origem da ameaça, embora isso pudesse muito bem deixar a porta aberta para uma sequência.

No fim das contas, e deixando de lado a existência de uma história televisiva que tenha conseguido explorar ao máximo sua premissa, Brick tem um conceito inicial que consegue te manter grudado na tela por seus quase 100 minutos na Netflix.

facebook Tweet
Links relacionados