Críticas AdoroCinema
2,5
Regular
Antes que Eu Me Esqueça

Pais e filhos

por Lucas Salgado

Seis anos após o lançamento do documentário Os Irmãos Roberto, o diretor Tiago Arakilian faz sua estreia em longas de ficção com Antes Que Eu Me Esqueça. Em sua carreira, possui créditos de direção de fotografia, montagem, produção e supervisão de pós-produção, o que mostra um domínio bom da área de produção cinematográfica. Isso, no entanto, não se vê em cena em seu novo projeto.

Muito bem intencionado e honesto, o filme se perde em uma imensa desorganização narrativa. Os personagens são simpáticos, mas a sucessão de eventos e atitudes são pouco desenvolvidas, gerando a sensação de que o material poderia entregar uma obra bem mais enxuta.

Antes Que Eu Me Esqueça conta a história de Polidoro (José de Abreu), um juiz aposentado que mantém pouco contato com a filha Bia (Letícia Isnard) e nenhum contato com o filho Paulo (Danton Mello). Após ver algumas atitudes estranhas do pai e sentir que o mesmo já não conseguia tomar conta de si mesmo, a filha decide entrar com um pedido de interdição. Não convencido do pleito de Bia, o juiz do caso decide forçar uma aproximação entre Paulo e Polidoro, para que o primeiro ajude a decidir o que fazer com o pai.

Ao mesmo tempo, Paulo estuda para um importante concurso em uma orquestra sinfônica e Polidora compra uma sociedade em uma casa de striptease em Copacabana.

O elenco é talentoso. José de Abreu cria um Polidoro arrogante, mas ao mesmo tempo doce, deixando o público meio que ao seu lado na história. Danton Mello não compromete como Paulo, mas deixa um pouco a desejar nos momentos mais dramáticos.

Guta Stresser, Mariana Lima, Augusto MadeiraEucir de SouzaDedé Santana completam o elenco. O eterno Trapalhão ganha algumas gags do roteiro e surge quase como alívio cômico, muitas vezes em cenas bem forçadas. O mesmo vale pra Stresser, que cria uma personagem bem equivocada - desde a escolha da voz. A Joelma de Guta é aquela típica personagem que o público ri dela, quando deveriam rir com ela. Fechando o time, Mariana Lima vive uma promotora fria e travada, que vai se soltando a partir do contato com pessoas mais liberais. O clichê do clichê.

Repleto de piadas datadas e desinteressantes, o filme funciona melhor ao tratar do envelhecimento, conseguindo convencer (e até emocionar) em alguns momentos. Dá muitas voltas, mas acaba acertando naquilo que tentava contar: uma história sobre pais e filhos.