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3,0
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Adão Negro

The Rock muda a hierarquia da DC, mas não inova

por Bruno Botelho

Dwayne Johnson, o "The Rock", é um dos principais astros de ação em Hollywood atualmente e, depois de muita espera, ele finalmente entra para uma franquia de super-heróis nos cinemas como o protagonista de Adão Negro (2022), novo filme do Universo Estendido da DC (DCEU). Desde que começou a promover a produção, The Rock ressaltou diversas vezes que Adão Negro seria responsável por mudar a hierarquia de poder da DC, mas será que isso realmente foi cumprido com o lançamento do longa-metragem?

Na antiga Kahndaq, Teth-Adam (The Rock) era um escravo que recebeu os poderes onipotentes dos deuses. Depois de usar esses poderes por vingança e se tornar o Adão Negro, ele foi aprisionado. Quase cinco mil anos se passaram, e ele passou de homem a lenda. Agora livre, sua forma única de justiça, nascida da raiva, é desafiada por heróis modernos da Sociedade da Justiça: Senhor Destino (Pierce Brosnan), Gavião Negro (Aldis Hodge), Ciclone (Quintessa Swindell) e Esmaga-Átomo (Noah Centineo).

O conflito e a dinâmica entre Adão Negro e Sociedade da Justiça

Com o sucesso estrondoso do Universo Cinematográfico Marvel, a DC tentou seguir a mesma linha de histórias compartilhadas em suas produções, mas isso acabou não funcionando na franquia – especialmente pelos fracassos de Batman Vs Superman - A Origem Da Justiça (2016) e Liga da Justiça (2017). Com isso, Adão Negro é mais uma tentativa de colocar o Universo Estendido da DC nos trilhos, impulsionado pela presença de Dwayne Johnson no papel do poderoso anti-herói dos quadrinhos.

Logo de cara, é perceptível que a franquia ainda não abandonou totalmente elementos do passado. Na introdução de Adão Negro, o diretor Jaume Collet-Serra (A ÓrfãÁguas Rasas e Jungle Cruise) apresenta ao público a história de Teth-Adam, mas não acrescenta nada de novo, repetindo características de filmes comandados por Zack Snyder, como a fotografia escura / sombria e cenas de ação em câmera lenta, sem uma personalidade própria de acertos da empresa como O Esquadrão Suicida (2021) e Batman (2022).

O roteiro escrito por Adam SztykielRory HainesSohrab Noshirvani foca na personalidade Adão Negro e coloca ele se habituando ao mundo atual e seus acontecimentos / mudanças pela relação do protagonista com Adrianna (Sarah Shahi) e seu filho Amon Tomaz (Bodhi Sabongui) – conexão semelhante de aprendizado vista em O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final (1991), entre o jovem John Connor (Edward Furlong) e O Exterminador (Arnold Schwarzenegger) – e com os membros da Sociedade da Justiça.

É aqui que se encontra o ponto mais interessante de discussão, que leva em conta a maneira divergente que Adão Negro e os super-heróis da Sociedade da Justiça encaram o uso de seus poderes, com o personagem interpretado por The Rock se caracterizando como um anti-herói por causa de seus tons de cinza no código de justiça. Além do questionamento pertinente sobre a atuação das personalidades heróicas, que nunca se preocuparam com os problemas de Kahndaq e sua população, que sofrem por causa do comando imperialista da Intergangue, até o aparecimento e "ameaça" de Adão Negro.

The Rock rouba a cena como Adão Negro no universo DC nos cinemas

No geral, a narrativa de Adão Negro segue a mesma batida previsível de filmes de origem, sem muito desenvolvimento para seus personagens e para a história, dando destaque para as cenas de ação e para uma introdução do protagonista e sua contextualização como parte do Universo Estendido da DC.

Isso ocorre especialmente pela presença da Sociedade da Justiça na produção, que se encaixa bem no enredo pelo enfrentamento e dinâmica divertida com Adão Negro. Pierce Brosnan é o maior destaque com a sabedoria Senhor Destino, assim como Aldis Hodge de Gavião Negro pelo conflito criado entre seu personagem com o protagonista interpretado por The Rock. Enquanto isso, Ciclone (Quintessa Swindell) e Esmaga-Átomo (Noah Centineo) são funcionais para a trama, servindo mais como alívios cômicos.

Ao longo de sua carreira, Dwayne Johnson nunca se destacou pelo seu alcance e nuances na atuação, chamando atenção em seus filmes principalmente pela sua simpatia e pela fisicalidade exigida nos maiores blockbusters de Hollywood. Levando isso em conta, o ator está perfeito no papel de Adão Negro, encarnando fielmente a personalidade sisuda do personagem, assim como sua imponência nas cenas de ação – que são a aposta de Jaume Collet-Serra, montando o filme repleto desses momentos, tanto empolgantes com cenas criativas, quanto sem criatividade com algumas cheias de câmera lenta. 

Sem entrar no campo de spoilers sobre a trama, Adão Negro não é o filme que o universo DC nos cinemas precisava para retomar o rumo da maneira correta, mas definitivamente muda a hierarquia de poder da franquia em relação com as habilidades e ameaça que seu personagem principal representa. O anti-herói interpretado por The Rock prova a dimensão dos seus poderes na produção, rivalizando com qualquer apresentado anteriormente e alcançando novos níveis – até mesmo em pé de igualdade com Superman. O que, sem dúvidas, é um motivo empolgante para os fãs considerando os próximos passos da DC.  

Adão Negro é um filme divertido, mas não foge do óbvio 

Sem inovações, Adão Negro coloca Dwayne "The Rock" Johnson em um dos papéis mais poderosos do Universo Estendido da DC (DCEU) da atualidade, que é o maior destaque do filme ao encaixar perfeitamente com as características sisudas e imponentes do protagonista Teth-Adam / Adão Negro.

O longa ainda mostra uma boa dinâmica na equipe da Sociedade da Justiça, e até mesmo seus conflitos com o personagem interpretado por The Rock, mas sofre com um roteiro pouco criativo e com pouco desenvolvimento para a história e seus pontos principais, decidindo apostar em cenas de ação durante toda sua duração. No final das contas, Adão Negro tem uma narrativa que não foge do óbvio, mas vai divertir os fãs da franquia. De qualquer forma, existe um caminho interessante a ser traçado pela DC futuramente...