Críticas AdoroCinema
2,5
Regular
Memórias Secretas

Egoyan se esqueceu

por Renato Hermsdorff

Em Remember, o nonagenário Max (Martin Landau), um sobrevivente de Auschwitz, prepara uma vingança contra o nazista responsável pela morte de sua família nos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial. Porém, preso a uma cadeira de rodas e respirando com ajuda de aparelhos, ele não tem como executar o plano por conta própria.

Para isso, ele conta com a ajuda do “asilomate” (o amigo da casa de repouso) Zev (Christopher Plummer), vítima dos mesmos carrascos. O colega, porém, sofre de Alzheimer e, por isso, Max anota passo a passo as instruções de como proceder a vingança.

No comando dessa história está Atom Egoyan, cineasta armênio que fez fama com O Doce Amanhã (1997) – Palma de Ouro no Festival de Cannes e indicado para os Oscar de direção e roteiro naquele ano. Remember é a comprovação de que falta memória afetou também a Egoyan, já que ele parece ter definitivamente se esquecido de como fazer um bom filme.

Diferente das produções que têm o Holocausto como subgênero, porém, o novo longa-metragem está mais para uma história particular e universal de vingança, do que exatamente para um pedido de desculpas pelo trágico episódio – tão comum no cinema – ou mesmo para uma aula de história, o que é positivo.

Partindo de uma trama interessante (que só é identificável como tal com uma revelação nos minutos finais, no entanto) e uma excelente interpretação do protagonista, o veterano Plummer, não sobra muito do filme quando esses dois aspectos são descontados.

A produção não só é sentimentalóide e condescendente demais com a velhice – e o velhinho - , como o roteiro, do estreante Benjamin August, carece de sentido em diversos momentos.

O funcionário de uma loja de armas que vende a “Glock” para Zev não se importa de anotar em um papel o modo como se usa a pistola, mesmo depois de o personagem principal confessar que “às vezes esquece as coisas”; o segurança de uma loja de departamento, ao revistar o idoso, se depara com o armamento e o deixa passar com um argumento ri-sí-vel; Dean Norris (o Hank de Breaking Bad) faz uma participação quase constrangedora como o policial filho de um nazista que, ao se deparar com o senhor, nem hesita em mostrar a polêmica coleção nazi para o estranho.

E por aí vai...

Filme visto no 40º Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2015.