Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
A Mulher De Preto

A Hammer voltou

por Roberto Cunha

Quem curte filmes de horror dos velhos tempos, aqueles inesquecíveis estrelados por Frankenstein, Drácula, a Múmia, ou melhor dizendo, por Christopher Lee, Peter Cushing, entre outros, tem boas chances de curtir A Mulher de Preto. Isso porque é um "filho" legítmo da Hammer Films, clássico estúdio que brindou os amantes do gênero com diversas pérolas no passado e ressuscitou, em 2007, com novos lançamentos.

Baseado no livro "Woman in Black", de Susan Hill, já levado para as telas em filme homônimo de 1989, essa produção de agora é o segundo longa dirigido por James Watkins, roteirista de Abismo do Medo 2. Inteiramente rodado na Inglaterra, a locação é belíssima e a fotografia remete ao preto e branco de antigamente, dando aquele toque especial. A produção caprichada foi do mesmo cara de Deixe-me Entrar (2010), outro lançamento da Hammer.

No roteiro enxuto de Jane Goldman (Kick-Ass - Quebrando Tudo), o jovem Arthur Kipps (Daniel Radcliffe) foi contratado para regularizar os documentos de uma mansão abandonada, próxima de um vilarejo. Viúvo, pai de um menino, ele aceitou fazer a viagem para poder tocar a vida sem imaginar que a morte estava a espreita. Quando uma série de visões sinistras começam a perturbá-lo durante o trabalho, ele descobre a existência de uma maldição do passado, tendo as crianças como principais vítimas. Só que o instinto paternal fala mais alto e ele decide enfrentar o medo. Dará certo?

Com uma trama fácil de entender e bem construída, se você não buscar uma obra-prima vai encontrar bons sustos básicos e um agradável clima de suspense, alimentado por uma clássica névoa londrina em externas ou por internas com takes em tradicionais corredores escuros. A trilha sonora do premiado Marco Beltrami, indicado ao Oscar por Guerra ao Terror e Os Indomáveis, também ajuda, como mostra a cena inicial com musiquinha infantil e insinuação de violência, revelada só mais tarde.

O elenco conta com a presença do rosto forte de Ciarán Hinds (Munique), mas fica difícil não falar da boa "estreia" de Radcliffe fora da franquia Harry Potter que o consagrou. Contudo, o longa tem muito mais do que isso e entrega uma história redondinha e bem acabada, com duplo sentido.