Críticas AdoroCinema
3,0
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O Último Desafio

Ação e humor

por Lucas Salgado

A cinematografia de Arnold Schwarzenegger é dividida entre filmes de ação (Conan, o BárbaroO Exterminador do FuturoO Predador etc) e comédias (Irmãos GêmeosUm Tira no Jardim de InfânciaJunior etc), sendo que alguns unem os dois gêneros. Este é o caso de O Último Desafio.

Na verdade, o novo longa funciona mais como produtor humorístico do que um repleto de ação, afinal não há muito de inédito nas sequências de tiroteio ou perseguição de carros. Já com relação ao humor, é bem eficaz ao trazer o ex-governador da Califórnia rindo de si mesmo, reforçando sua idade avançada e abusando das frases de efeito. Pelo visto, Arnie resolveu seguir a ideia de Sylvester Stallone em Os Mercenários e, principalmente, Os Mercenários 2.

Em sua primeira empreitada como protagonista depois de deixar a carreira política, Schwarzenegger demonstra ter mantido todo o ímpeto físico que lhe fez assumir papéis de o "exército de um homem só" em filmes como Comando para Matar. A diferença é que aqui, por mais que seja o centro das atenções, ele não está sozinho.

The Last Stand (no original) conta a história do xerife Ray Owens, um sujeito durão que cuida de uma cidade pacata próximo à fronteira entre Estados Unidos e México. Determinado dia, é informado pelo FBI que um perigoso criminoso está a caminho da cidade para tentar fugir do país.

Owens é interpretado por Arnold Schwarzenegger, mas ele está longe de ser o único importante personagem da história. O veterano xerife divide o espaço na delegacia com os policiais vividos por Zach GilfordLuis GuzmanJaimie Alexander. Cada um do trio tem sua função. O primeiro é o novato inquieto, o segundo o veterano que serve como alívio cômico, enquanto que a terceira é a representante feminina do grupo. Rodrigo SantoroJohnny Knoxville também surgem em papéis de destaque na trama.

Santoro, por sinal, está cada vez mais confortável em Hollywood. Se não abria a boca em As Panteras - Detonando e interpretava brasileiros em Simplesmente Amor e Lost, agora ele surge vivendo um americano veterano das guerras do Afeganistão e do Iraque. Seu personagem não é lá muito complexo, mas o ator demonstra seu talento em algumas cenas, como na que recebe o anúncio da morte de um amigo.

O Último Desafio possui uma infinidade de clichês, mas são todos usados para criar um ambiente divertido e um filme que funciona como um bom entretenimento. O mesmo pode ser dito dos personagens estereotipados, que o próprio longa faz questão de atacar. Ao se deparar com o vilão latino e cheio de trejeitos, o personagem de Arnold diz: "você é uma vergonha para todos nós imigrantes".

Um dos principais méritos da produção foi a escolha do coreano Kim Jee-woon para assumir a direção. Ele já havia se saído muito bem no faroeste Os Invencíveis, que é uma homenagem ao clássico Três Homens em Conflito, de Sergio Leone. Agora, em sua estreia no cinema norte-americano, ele volta a chamar a atenção com uma história que também tem um pouco de faroeste.

Mesmo dirigindo um elenco internacional, Jee-woon fez questão de trazer sua equipe da Coreia do Sul. A fotografia de Kim Ji-yong, por sinal, é um dos destaques da produção, muitas vezes optando por um enquadramento não convencional, que foge um pouco do padrão de cinema hollywoodiano. 

Não se trata de um filme que vá mudar pensamentos ou fazer as pessoas refletirem, mas sem dúvida trata-se de uma obra que cumpre bem seu objetivo central: divertir.