Críticas AdoroCinema
4,0
Muito bom
Gato de Botas

ROTEIRO BEM CALÇADO

por Roberto Cunha

Você conhece o Gato de Botas? Se pensou naquele clássico, criado pelo francês Charles Perrault, esqueça. Porque esse aqui "nasceu" em Tão Tão Distante, terra de Shrek, e foi "configurado" por Antônio Banderas e o diretor Chris Miller para brilhar em sua primeira aventura solo. Tanto que já faturou cerca de US$ 140 milhões somente nos Estados Unidos e deverá morder mais mundo afora. O mais curioso (como o felino) é que o longa chegou a ter seu lançamento cogitado diretamente nas locadoras, mas acabaram voltando atrás. Sorte deles e do espectador, que poderá curtir outra animação neste final de ano, com excelente qualidade técnica, inclusive, em 3D.

Usando o mesmo recurso dos filmes de James Bond, conhecidos pelo capricho na abertura para prender o público logo no começo, Gato de Botas arranha algo parecido. Brinca com o próprio nome e também, com um belo jogo de sombra, presta uma criativa homenagem aos clássicos do faroeste e seus tradicionais "saloons".

Herói de caminho tortuoso e disposto a limpar sua honra, Gato descobre que uns feijões mágicos parecem ser a solução para os seus problemas. Mas os poderosos grãos estão nas mãos de Jack e Jill, um casal de humanos mau como o Pica-Pau. É quando aparece o ovo Humpty Alexandre Dumpty e a gata Kitty Pata Mansa para ajudá-lo na empreitada. Humpty é órfão como o Gato e foi criado pela mesma mãe, mas o posto de melhor amigo, de irmão, foi deixado de lado porque a ganância o tornou um traidor. Com essa história simples e próxima de qualquer realidade, o roteiro é bem calçado, camufla um certo clima de vingança existente, e carrega mais na questão das escolhas (que fazemos) e das más companhias.

Dotado de boas sequências de ação, com perseguições, lutas e até danças, do balaio de referências se tira desde um tradicional "João e o Pé de Feijão", Zorro até obras como as de Spielberg (Indiana Jones e E.T.). Os diálogos são afiados e um gatinho coadjuvante que faz "Oh" quando se impressiona, é hilário. A trilha sonora de Henry Jackman (X-Men: Primeira Classe) embala bem o pacote e o visual deslumbrante, criado por Guillaume Aretos (Shrek 2 e Shrek Terceiro) faz a diferença. Afinal, existe uma identidade própria percebida nos primeiros minutos de projeção e isso é extremamente positivo para a produção, que revelará as origens do personagem, de suas famigeradas botas e que ele tem potencial para segurar um filme sozinho.

Na versão original, além de Banderas, Salma Hayek, Zach Galifianakis e Billy Bob Thornton dão voz aos principais, mas é sempre bom lembrar que a versão brasileira conta com excelentes dubladores, como Alexandre Moreno, que dubla o protagonista. Em tempo: não saia antes dos créditos finais porque rola uma coreografia bem divertida. Miauuu!

Veja trechos da entrevista em vídeo exclusivo preparado pelo ADORO CINEMA clicando em Antonio Banderas e Salma Hayek falam sobre Gato de Botas.

Para ter um panorama maior do que foi falado na entrevista, clique em Gato de Botas - Coletiva de imprensa - Copacabana Palace