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    Jeremy Tardy deixa o elenco de série da Netflix após ser vítima de racismo

    O ator aponta racismo na diferença salarial entre atores brancos e negros em Cara Gente Branca.

    Através de sua conta oficial no Twitter, Jeremy Tardy afirmou que não vai retornar para Cara Gente Branca na quarta e última temporada da série. O motivo da saída é a alegação de racismo por parte da Lionsgate, agência produtora do seriado exibido pela Netflix.

    Tardy, que interpretou o estudante universitário queniano Rashid Bakr por 11 episódios nas três temporadas da série, comparou seu processo de negociação insatisfatório da quarta temporada com a Lionsgate ao de um dos colegas brancos do elenco. 

    “Depois de ser oferecido para voltar em vários episódios, minha equipe foi notificada de que nossa contra-oferta não seria considerada e que a oferta inicial era a ‘melhor e final'. Esta notícia foi perturbadora porque um dos meus colegas brancos - sendo um verdadeiro aliado - revelou que eles também haviam recebido a mesma oferta inicial e negociado com sucesso uma contra-oferta”, alegou o ator.

    Apesar de Jeremy Tardy ter levantado o debate, os produtores da Lionsgate continuaram insistindo que o ator branco era capaz de negociar, enquanto ele não podia, independente da experiência e créditos na carreira. O acontecimento fez com que Tardy e seis de seus colegas de elenco pressionassem a Lionsgate, recusando coletivamente as ofertas iniciais da agência, mas ainda sim não houve acordo.

    Segundo o astro, a ideia era de que o grupo se movimentasse como uma unidade durante o processo de negociação e, também, se basear nos princípios que envolvem a situação, já que não se trata apenas de uma questão monetária, e sim de discriminação racial. Tardy ainda afirmou que todos estavam cientes da disparidade salarial entre as pessoas de cor e os atores brancos na Netflix e nas produções da Lionsgate.

    “Nosso poder de negociação coletiva foi prejudicado por ofertas paralelas e falta de transparência. Essas táticas levaram alguns indivíduos a fechar negócios antes que o grupo coletivo recebesse um processo de negociação justo e equitativo”

    Ator aponta "hipocrisia" na Netflix e Lionsgate

    Chegando ao fim do pronunciamento, Jeremy Tardy questionou o ativismo performativo da Netflix e Lionsgate por apoiarem o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em português), enquanto subestimam e rebaixam pessoas racializadas nos bastidores. De acordo com Tardy, o serviço de streaming e a produtora agem de forma contrária à premissa do que Cara Gente Branca denuncia no enredo e narrativa.

    “Falar politicamente correto e gestos simbólicos não o isentam da responsabilidade diária de fazer negócios de maneira justa e equitativa. O fato de que isso ocorreu nos bastidores de um programa que pretende abordar questões sistêmicas de racismo e discriminação exibe o epítome da hipocrisia”, conclui o ator em sua última publicação sobre o assunto.

    Após a repercussão dos tweets, a Lionsgate se pronunciou ao site Deadline, negando quaisquer motivos raciais para a decisão. A produtora pontuou apenas questões financeiras e, ainda relatou que tratam todos os atores e integrantes da equipe de forma igualitária, independentemente da raça, gênero, idade ou orientação sexual.

    De acordo com fontes próximas à produção, o orçamento para a 4ª temporada foi aumentado significativamente, com uma parte do aumento destinada a membros do elenco recorrentes. Alguns aceitaram, outros pediram mais dinheiro, uma tática de negociação padrão. Todas as ofertas foram supostamente aprovadas pelo criador da série, Justin Simien, com a janela de negociação fechando quando ele começou a escrever a temporada final.

    Baseado no aclamado filme independente de estreia de Simien, Cara Gente Branca é ambientado em uma universidade predominantemente branca da Ivy League, onde as tensões raciais são recorrentes entre os alunos. A série satírica - que começou de onde o filme parou - acompanha um grupo de estudantes negros da Winchester University enquanto eles navegam por um cenário diversificado de injustiça social, preconceito cultural, correção política (ou falta dela) e ativismo.

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