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    Sense8: "Veremos as sombras da personalidade de Lito, seu ego e sua ambição", diz Miguel Ángel Silvestre (Entrevista)

    Segunda temporada da série estreia no dia 5 de maio, na Netflix.

    Faltando menos de um mês para a estreia da segunda temporada de Sense8, os fãs estão loucos para saber o que vai acontecer com seus queridos personagens. E um dos favoritos do público é Lito, vivido pelo simpático Miguel Ángel Silvestre. O AdoroCinema foi até Miami, nos Estados Unidos, conversar com o ator e tirou dele algumas novidades sobre o retorno da série.

    O que você pode nos dizer sobre a segunda temporada de Sense8? O que vai acontecer com Lito?

    Muitas coisas. Ele vai passar por altos e baixos. Lana Wachowski tem um senso muito preciso da realidade. O que ela queria fazer era observar o que aconteceria se todo mundo descobrisse que um ator é gay. Isso através de várias perspectivas diferentes. No México, isso não é bem visto, poderia causar alguns danos em sua carreira. Então, ele vai passar por altos e baixos. A relação dele com o namorado vai mudar um pouco. Veremos as sombras da personalidade de Lito, seu ego e sua ambição. Lana queria, nesse próximo ano, explorar ainda mais os limites de cada um. Uma das coisas interessantes sobre a segunda temporada é que a série aprofundará os seus conceitos sobre amor, a comunidade LGBT, sobre a vida, aceitação e empatia. E o que empolgará o público, desde o início, é que veremos os oito personagens trabalhando juntos. Então, em termos de ação, será muito empolgante porque veremos todos juntos desde o início e porque começaremos a entender melhor seus dons e habilidades.

    Como é gravar essa série, com tantas pessoas ao mesmo tempo em lugares diferentes? Vocês estarão juntos fisicamente?

    Sim, sim. Nós viajamos para 19 cidades diferentes nessa temporada. Isso é ótimo porque temos a chance de conhecer o mundo, mas é ruim porque precisamos passar nove meses vivendo em um hotel. Estava desesperado para acordar na minha cama, ir para o meu sofá, abrir a janela da minha casa, fazer o café na minha cafeteira… Senti falta de tudo isso, mas é incrível porque temos a chance de conhecer o mundo. E os melhores lugares do mundo! Porque quando vamos ao México, por exemplo, vamos direto para uma praça linda, que todos conhecem. Fizemos isso em todos os lugares. Elas não usam storyboard, tudo está nas cabeças de Lana e Lilly Wachowski. Então, quando elas filmam, está tudo em suas cabeças. Elas não buscam um resultado final, buscam encontrar as coisas no meio do caminho. Às vezes, levamos mais tempo tentando coisas novas, dizendo coisas diferentes. Na Índia dizíamos as coisas, na Itália dizíamos outras coisas… É uma busca constante. E isso dá bastante trabalho para os montadores.

    Vocês chegam a ensaiar as cenas?

    O modo como fazer uma cena, que acontece em vários lugares diferentes, está tudo na cabeça de Lana. Ela não quer que a gente ensaie. Às vezes, os takes duram 25 minutos porque ela também experimenta com a câmera, sempre nos instigando a dizer coisas diferentes, de formas diferentes. É muito interessante. Você nunca se sente seguro, mas, por causa disso, surgem vários momentos espontâneos, que nascem do fato de que não sabemos ao certo o que devemos fazer ou como devemos fazer. Ela dirige no momento.

    Como você descreveria a mente da Lana?

    Imprevisível. Muito aberta. Com muita empatia. Ela tem muita empatia pela vulnerabilidade dos seres humanos. Ama as imperfeições das pessoas. É por isso que não gosta de ensaios. Às vezes peço para decorar algumas falas para Lana, mas ela diz que não é necessário porque está lá comigo. Diz que nós acertaremos juntos, diz para aproveitarmos os momentos. E são filmagens de 25 minutos. Às vezes, Lana chora ou ri. Sempre está próxima à câmera, nunca recorre ao monitor. Sempre está próxima à câmera, sussurrando instruções para a gente. Às vezes, a risada dela se sobrepõe aos nossos diálogos. Ela se emociona bastante. Até porque ela está contando muito sobre a vida dela. Ela me disse que não tem interesse pela perfeição, que não acredita na perfeição. Ela acredita que a humanidade comete muitos erros e essa é a beleza da coisa. A espontaneidade surge das nossas tentativas de consertar nossos erros. E é isso que ela quer para sua arte.

    Você acha que a trajetória de Lito pode ajudar a comunidade LGBT?

    Às vezes, nos mercados ou nas ruas de Los Angeles, as pessoas me dizem que estou dando voz às vidas delas, de certa forma. Me sinto muito grato às Wachowski por isso. Sou espanhol e nós passamos por uma ditadura que reprimiu toda a comunidade LGBT. Uma das pessoas da minha família é lésbica. Ela não vivia na mesma cidade em que eu vivia e eu só a via nas épocas de festa, como no Natal. Lembro que meus pais falavam dela e eu e minha irmã olhávamos-na com muita admiração. Meu pai sempre disse que ela era muito corajosa por sentir as coisas que sentia naquela época. Federico García Lorca, um dos maiores poetas que temos e uma das minhas maiores inspirações, diz uma coisa: “Quando as coisas chegam ao centro de si, não há quem as arranque de lá”. Isso quer dizer que quando tudo se resume ao seu sentimento, ninguém pode tirar isso de você. Isso faz parte da natureza tanto quanto a chuva, o vento, o sol ou um tsunami. Você não pode impedir um tsunami. É parte da natureza. E a natureza, independente de suas crenças, é a realidade. Então, acho que é isso que estamos narrando. Quando você sente um desejo, você não pode negá-lo. Você não pode nadar contra a corrente porque você morrerá de exaustão, você irá afundar. Dito isso, acho que essa é a realidade. É nisso que acredito. O amor é maior que tudo. Nunca seria capaz de julgar ou negar algo a alguém que faz parte da natureza, algo que vem da natureza. Me sinto muito grato por poder interpretar esse personagem. Se eu soubesse que iria interpretar um personagem gay de antemão, teria que ser com alguém muito comprometido com isso. E as Wachowski estão empenhadas em aproveitar as boas energias desses personagens para construir mais empatia e compreensão. As pessoas me falam que as coisas que Lito passa com a mãe são coisas que elas passaram com as próprias mães. As pessoas dizem que se lembraram de coisas que aconteceram em suas vidas, que se emocionaram com a série. Me sinto muito lisonjeado quando me dizem essas coisas.

    O AdoroCinema viajou a convite da Netflix.

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