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    Duetto: Diretor do filme, Vicente Amorim reforça a feminilidade de sua obra e coloca: “Nós, os homens, somos coadjuvantes nessa história” (Entrevista)
    Rafael Felizardo
    Rafael Felizardo
    -Redator | Crítico
    Sonhador desde pequeno e apaixonado por cinema de A a Z, encontrou em David Lynch um modo de sonhar acordado.

    Com produção realizada tanto no Brasil, quanto na Itália, Duetto é um drama que conversa com os diversos lutos de nossas vidas.

    Em italiano, a palavra “duetto” significa o mesmo que sua contraparte portuguesa, “dueto”, ou seja, “uma composição realizada por dois executantes”. Seguindo os passos de seu título, nesta quinta-feira (29), chega aos cinemas brasileiros o longa-metragem Duetto, protagonizado por Marieta Severo, Luisa Arraes e contando a história de duas mulheres de origem ítalo-brasileira em busca de resolução para seus lutos de vida.

    Na trama, em uma São Paulo de 1965,  após a trágica morte do pai em um acidente de carro, Cora viaja com a avó, Lúcia, para a sua cidade natal, Apúlia, na Itália. Entre o passado familiar, os dramas e as histórias da cidadezinha europeia, a jovem trilhará o próprio caminho para a maturidade e a vida adulta, ao mesmo tempo em que precisa lidar com o luto por conta do falecimento de uma das pessoas mais importantes de sua vida.

    Procurando discorrer a respeito de sua obra, o diretor do filme, Vicente Amorim, conversou com o AdoroCinema e expôs algumas das dificuldades para rodar uma produção da magnitude de Duetto. Segundo o cineasta, questões importantes como a feminilidade abrangida pelo longa-metragem poderia vir a criar obstáculos por estar sendo colocada sob a sua visão, a de um homem possuidor de vivências diferentes daquelas experienciadas pelas mulheres do enredo.

    “O maior desafio [de gravar Duetto] é que ele é um filme muito feminino. E para conseguir dar voz de verdade a essas personagens, minha principal preocupação foi me afastar e olhar para o filme, usando a sensibilidade da Marieta e da Luísa. Nós, os homens, somos coadjuvantes nessa história, estando em um lugar que não é necessariamente nosso (...) Tentar entender como contar a história das personagens, sem me colocar no caminho, para mim, foi um aprendizado”, afirmou Amorim.

    Continuando a abordar o assunto, ele ainda completa:

    “São raros os filmes, as novelas, na dramaturgia em geral, que não colocam as mulheres como acessórios. Nesse filme, eu não falo especificamente sobre elas, mas sim sobre a transformação delas. Procurei encontrar características próprias dentro do processo, para assim tentar entender como avaliar a sensibilidade dessas personagens e contar essa história sobre o luto.”

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    UMA PRODUÇÃO BRASILEIRA AMBIENTADA NA ITÁLIA

    Apesar de ter sua produção feita em maior parte por brasileiros, uma considerável parcela do longa é ambientada na Itália. No enredo, a personagem de Marieta Severo, Lúcia, é uma mulher italiana que se mudou para o Brasil por conta de algumas questões de vida, precisando retornar ao país natal para resolver burocracias relativas a um pedaço de terra.

    De acordo com Rita Buzzar, roteirista do longa ao lado do cineasta João Segall, Duetto foi inspirado pelas memórias de seu tio, um italiano que reside na região da Calábria. Durante as gravações, devido à complicada logística de filmar tanto por aqui, quanto na Itália, a obra quase passou por atrasos, enfrentando contratempos que vieram a ser facilitados por conta da grande boa vontade do elenco.

    "Ao produzir um filme é impossível você fugir dos problemas. Acho até que nesse filme tivemos alguns problemas que fogem do normal, com questões de coprodução. Todo filme, independentemente do quão prazeroso estiver sendo você fazer a produção, você estar filmando o projeto, produção é sempre, sempre, ao redor dos problemas, porque a gente está gerenciando o dinheiro e as pessoas; e o dinheiro sempre falta e as pessoas são pessoas. Cada uma tem sua opinião, cada uma tem seu jeito complexo”, contou João.

    Dentro dessa perspectiva, ele continua:

    “Todo o nosso elenco foi muito generoso. Na verdade, eu tenho uma imagem muito forte assim, de a gente fazendo uma filmagem na Itália e querendo fazer uma diária que não tínhamos programado. Não tinha equipe e precisava do Gabriel [Leone] e da Luisa. Eu tenho muito forte a imagem dos dois, a gente pedindo para eles se maquiarem e eles falando: ‘Não, relaxa, eu me maquio aqui, a gente faz essa diária rapidinho e tal e resolvemos’. Então, assim, foram pessoas muito parceiras. Foi muito legal trabalhar com eles.”

    Com distribuição brasileira feita pela Imagem Filmes, além dos citados, vale ressaltar que o elenco de Duetto ainda conta com Giancarlo Giannini, Gabriel Leone, Maeve Jinkings e o italianíssimo Michele Morrone, responsável por protagonizar a franquia 365 Dias, da Netflix.

    Duetto
    Duetto
    Data de lançamento 29 de setembro de 2022 | 1h 42min
    Criador(es): Vicente Amorim
    Com Marieta Severo, Luisa Arraes, Giancarlo Giannini
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