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    Jornal do Vaticano elogia Spotlight - Segredos Revelados e afirma: não é anticatólico

    O vencedor de melhor filme do Oscar 2016 trata da investigação que descobriu os casos de pedofilia dentro da igreja.

    Um dia após levar para casa o maior prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Spotlight - Segredos Revelados foi tema de duas publicações do jornal do Vaticano, que recomendam o filme e ainda tecem sobre ele uma rede de elogios a fim de ampliar a discussão a respeito da temática.

    O filme de Tom McCarthy, vencedor dos prêmios de melhor roteiro original e melhor filme no Oscar 2016, conta a história da reportagem do jornal Boston Globe que investigou denúncias de abuso sexual e pedofilia cometidos por padres da igreja Católica e há muito acobertados pela própria instituição. A investigação foi feita pela equipe Spotlight e venceu o Prêmio Pulitzer em 2003 pelas denúncias feitas e pelo serviço público prestado.

    O L'Osservatore Romano destaca que o filme de Tom McCarthy "tem a coragem de denunciar casos que devem ser condenados sem nenhuma hesitação. E faz isso de uma forma detalhada, na base de uma documentação substancialmente séria e verossímil".

    Já o editorial assinado por Lucetta Scaraffia discorre que Spotlight "não é um filme anticatólico da forma que foi escrita, porque ele dá voz à chocante e profunda dor dos fiéis confrontando a descoberta dessa horrenda realidade." Lucetta argumenta e defende ainda que a narrativa não mergulha na "longa batalha do Papa Bento XVI (...) contra a pedofilia na igreja. Mas um filme não pode contar tudo, e as dificuldades que [o Papa] encontrou apenas confirmam a temática do filme".

    Em seu discurso de agradecimento na noite deste domingo, o produtor Michael Sugar citou o atual Papa Francisco em um recado: "Este filme dá voz aos sobreviventes, e este Oscar amplifica essa voz, que nós esperamos se tornar um coro que vai ressoar até o Vaticano. Papa Francisco, é hora de proteger as crianças e restaurar a fé." Scaraffia argumentou que este recado dado por Sugar sugere que "ainda há confiança na fé que tem em seu âmago a defesa das vítimas e a proteção dos inocentes".

    No início do mês de fevereiro, Spotlight foi exibido em uma sessão especial dentro do Vaticano, e abriu espaço para uma discussão a respeito do abuso sexual com os próprios membros da igreja. Uma comissão foi formada recentemente para dar mais atenção às investigações e cobrar mudanças necessárias, mas a lentidão com que estas ocorrem tem frustrado os próprios membros da comissão e as vítimas dos abusos.

    No agradecimento pelo prêmio de melhor roteiro original, Tom McCarthy destacou: "Nós fizemos este filme para todos os jornalistas que têm e continuam tendo o poder de identificar os responsáveis e encorajar os sobreviventes a superar e serem uma real inspiração para todos."

     

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