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    Gramado 2014: Documentário sobre a tragédia de Santa Maria expõe a dor do luto

    Janeiro 27, exibido fora de competição, comoveu os espectadores do Palácio dos Festivais.

    Dani Villar/PressPhoto

    Em 27 de janeiro de 2013, um incêndio na boate Kiss resultou na morte de 242 pessoas e em mais de 600 feridos. A tragédia, ocorrida na cidade gaúcha de Santa Maria, chocou milhões de pessoas, não apenas no Brasil mas também em outros países. O tema voltou à tona na noite desta segunda-feira no Festival de Gramado, com a exibição do documentário Janeiro 27.

    Curiosamente, a proposta do longa-metragem nasceu justamente em Gramado. Na edição do ano passado, o diretor Ralfe Cardoso anunciou que o festival promoveria um "abraço à cidade de Santa Maria", realizando uma sessão especial com algum ganhador do Festival de Gramado, de forma a arrecadar fundos e alimentos para ajudar as famílias dos que tiveram parentes envolvidos na tragédia. Daí nasceu a proposta de rodar um documentário, onde todos os envolvidos trabalhariam como voluntários. O objetivo era mostrar as consequências do ocorrido, como forma de prevenir que algo do tipo não volte a acontecer.

    "Fazer o documentário é admitir que existiu a tragédia, e eu não queria ter este filme no meu currículo", disse Luiz Alberto Cassol, que dividiu a direção com Paulo Nascimento. A intenção é que o longa-metragem seja disponibilizado na internet, de forma que o maior número possível de pessoas tenha acesso ao material.

    Por mais que seja um filme bastante doloroso, por estampar de forma palpável o sofrimento dos entrevistados, Janeiro 27 é também um filme conscientemente limitado. O próprio diretor admitiu que o longa assumia abertamente o lado das vítimas da tragédia e que não tinha por objetivo explorar as imagens do incêndio. Não há também uma análise mais profunda sobre a tragédia em si pelo âmbito dos responsáveis e da forma como tudo aconteceu, bem como as consequências para Santa Maria até hoje. Estes temas até surgem a partir de comentários dos entrevistados, mas sempre sob uma ótica emocional de quem vivenciou o ocorrido.

    Pela sua proposta, Janeiro 27 não é o filme definitivo sobre a tragédia de Santa Maria. Trata-se de um afago a quem sofreu com o ocorrido, que serve também de alerta para o futuro. Ainda assim, é um filme respeitoso a quem se foi e, especialmente, a quem permaneceu.

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