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    Amazonas Film Festival 2013: Noite de diretoras e crianças na mostra competitiva

    O curta Pierre e a Mochila e o longa Cabelo Ruim foram os destaques da programação noturna de sábado.

    por Francisco Russo

    Por mais que o termômetro insista que a temperatura de Manaus esteja em torno de 27º, a sensação de abafamento causada pela proximidade dos trópicos dá a impressão que ela é bem mais elevada. Foi assim, em um sábado quente, que começou a mostra competitiva do Amazonas Film Festival.

    Com sessões gratuitas realizadas no suntuoso Teatro Amazonas (foto), a programação teve início com o curta nacional Contos da Maré, de Douglas Soares, e o longa indiano The Lunchbox, ambos exibidos à tarde. Destaque maior para o filme dirigido por Ritesh Batra, também exibido na recém-encerrada Mostra de Cinema de São Paulo, onde foi bastante elogiado pelo AdoroCinema.

    Após a exibição de cinco curta-metragens da mostra amazonense, chegou a vez do público conferir o novo trabalho de duas diretoras de estilos bem distintos que marcam presença na mostra competitiva. Iuli Gerbase, filha do veterano diretor Carlos Gerbase (Tolerância e Menos que Nada), subiu ao palco para apresentar o curta-metragem Pierre e a Mochila. Logo em seguida foi a vez da venezuelana Mariana Rondón falar sobre o longa Cabelo Ruim, vencedor do Festival de San Sebastián deste ano.

    Simpático e bem humorado, Pierre e a Mochila não teve grandes dificuldades em conquistar o público. Protagonizado por crianças, trata-se de uma brincadeira criativa envolvendo um trabalho escolar que se transforma em um musical sobre Thomas Edison (com direito a letra inspirada na 9ª Sinfonia de Beethoven). A curiosidade é que o estilo cúti-cúti empregado pela diretora é bem distante do que costuma ser utilizado por Carlos Gerbase em seus filmes, onde os personagens geralmente são mais duros - assim como o filme que viria a seguir na programação do dia.

    Cabelo Ruim traz o conflito existente entre Marta (Samantha Castillo) e seu filho Junior (Samuel Lange Zambrano, foto). Mãe solteira de dois filhos e desempregada, ela enfrenta as inevitáveis dificuldades financeiras ao mesmo tempo em que vê nascer uma preocupação ainda maior: a de que Junior tenha uma tendência homossexual. Tudo porque o garoto o tempo todo deseja alisar o cabelo, por não gostar dele crespo - daí o título do filme.

    Batendo firme na tecla do preconceito enraizado pela ignorância, Cabelo Ruim oferece ao público uma tensão crescente entre mãe e filho ao mesmo tempo que mostra, como pano de fundo, um cenário da Venezuela de pouco tempo atrás, quando o ex-presidente Hugo Chávez estava doente. Sem citá-lo uma única vez, a diretora ressalta o contraste entre a devoção de parte da população e a situação sócio-econômica pela qual o país atravessa, onde o desemprego e a criminalidade são uma realidade. Um filme duro e baseado principalmente no aspecto psicológico de seus protagonistas.

    O segundo dia da mostra competitiva do Amazonas Film Festival trará ao público os curtas Faroeste - Um Autêntico Western, de Wesley Rodrigues, e Strip Solidão, de Flávia Abtibol, além dos longas Metro Manila, de Sean Ellis, e O Futuro, de Alicia Scherson. O AdoroCinema estará lá, a convite da organização do festival.

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