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    Heleno - Vídeo de entrevista exclusiva e coletiva com Rodrigo Santoro e Alinne Moraes

    Rodrigo Santoro, Alinne Moraes e o diretor José Henrique Fonseca conversaram com a imprensa em coletiva e os atores bateram um papo reservado com o AdoroCinema. Confira o resultado destas entrevistas sobre Heleno, filme que estreia em 30 de março.

    por Roberto Cunha

    O filme Heleno estreia nessa sexta-feira, 30, com cerca de 80 cópias e é motivo de muito orgulho para seus realizadores, entre eles o diretor José Henrique Fonseca e o ator Rodrigo Santoro, estreando como produtor: "Nós estamos apostando no espectador brasileiro". Isso ficou bem claro na coletiva de imprensa com a presença do diretor e dos atores, realizada no último dia 12, no Rio de Janeiro, após uma sessão do filme exclusiva para os jornalistas. O AdoroCinema estava lá, participou do evento e ainda batemos um papo exclusivo com o ator e Alinne Moraes, que interpreta Silvia, a esposa do protagonista. Abaixo, você tem um vídeo especial dessa entrevista, além de um panorama da coletiva e do papo individual com os dois atores.

    Heleno

    Por que filmar "Heleno"?

    José Henrique Fonseca contou que o produtor Rodrigo Teixeira (RT Filmes) apresentou o projeto pra ele, que também deu uma lida no livro (antes da publicação) e que por ser muito ligado em futebol, já conhecia Heleno. Para ele, o jogador era carismático, cheio de drama, complexo e um mito de Copacabana. Alguém que ele ouvia falar desde pequeno, que muitos não deviam conhecer e essa era uma boa razão para filmar. Para isso, ligou para Rodrigo Santoro, se reuniram para discutir o assunto e disse que "só faria se fosse com ele". Daí em diante o filme começou a ganhar vida.

    Quem era Heleno

    Evitando dar uma definição sobre o jogador, o protagonista lembrou que o temperamento explosivo do craque o levou a ser chamado O Médico e O Monstro (Dr. Jekyll e Mr. Hyde) e Príncipe Maldito, entre outros adjetivos. Fonseca citou o apelido Gilda, alusivo ao personagem temperamental de Rita Hayworth em Gilda (1946). "Ele queria ser melhor e cobrava isso dos outros", disse o ator.

    Heleno nos dias de hoje

    Sem querer comparar o craque do passado com os de agora, Santoro faz um pequeno paralelo entre os excessos de seu personagem e as consequências que isso pode trazer para a vida de qualquer um, seja atleta ou não. "Heleno foi um homem de excessos, alguém que perdeu o equilíbrio e foi consumido por isso". Fonseca reforça que não adianta fazer comparações com jogadores da atualidade que se envolveram com drogas porque Heleno foi vítima de uma doença, no caso a sífilis. "Acho que ele foi um grande jogador de futebol, movido pela paixão e sua grande paixão era o futebol. Ele buscou ser o melhor sempre e acabou tendo um final trágico", disse Rodrigo.

    A primeira vez

    Estreando como produtor, o ator revelou ue conheceu um lado novo de fazer cinema e que passou a respeitar mais as "mil decisões que tem que tomar, cortar isso ou aquilo". Perguntado se o nome dele tinha ajudado de alguma forma, frisou que não foi nada fácil e que todo mundo trabalhou muito. "Eu saí batendo na porta em busca de patrocínio também", disse. Na conversa reservada que teve conosco, falou que tudo aconteceu naturalmente, que ele ficou fascinado com a história assim que Fonseca apresentou e quando viu já estavam falando sobre o roteiro. Quando o diretor convidou para ele ser produtor, negou de "voleio", mas em seguida aceitou o passe com um emblemático "então vamos nessa!".

    Preparação

    Conhecido por sua "entrega" aos seus personagens, Santoro contou que a preparação foi longa e levou cerca de cinco anos. Revelou sem meias palavras que não conhecia o jogador, mas sabia que existia o mito. "A gente conheceu Heleno através de histórias, fotografias e a gente foi entender melhor quem era o homem por trás das polêmicas." Falou que repetiu a dobradinha com Sérgio Pena (com quem trabalhou em Bicho de Sete Cabeças) e que treinou fundamentos do futebol com o jogador Cláudio Adão, que brilhou no Flamengo.

    No bate-papo exclusivo com a gente, Santoro contou que chegou no craque rubro-negro porque ele era conhecido pela matada no peito e pela elegância em campo, características de Heleno dentro e fora das quatro linhas. "Ele (Heleno) era um jogador muito elegante, jogava com o cabelo engomado, diziam que era o melhor amigo da bola, que era uma coisa incrivel, muito bonito de ver. Treinamos um pouco no campo, na praia, na areia, matada, chute, como é que bate na bola, como é que recebe. Suei a camisa". Orgulhoso da conquista, bateu para o gol: "Já sou um dos primeiros a ser escolhido. Já vou mais confiante para a pelada".

    Perda de peso

    O ator contou também que eles filmaram primeiro o momento áureo do jogador para depois mergulhar na parte mais trágica da história. Sobre a magreza dele neste momento do filme, os cerca de 12 kg foram perdidos após uma parada de uns 40 dias, quando ele deu início a uma dieta rigorosa e muito exercício. "Pouco carboidrato e muito suor", disse. Contou que não ficou mal humorado e sim frágil, mas ainda disposto para trabalhar.

    Alinne Moraes falou sobre o susto após 40 dias sem encontrá-lo para filmar."Era o Heleno. Eu não conseguia ver o Rodrigo" e elogiou o profissional ao seu lado: "Eu estava diante de uma pessoa doente. Fiquei muito chocada com a entrega, com esse amor pela arte. Arrepia. É muito bonito de se ver". Com Rodrigo visivelmente emocionado (foto abaixo), Fonseca puxa a descontração, dizendo que o ator não ia para o hotel para não cair em tentação e "entrar" na lasanha. Santoro reforçou a colaboração de todos: "Essas coisas se fazem em equipe". Em nossa conversa exclusiva, quando falamos sobre "vestir a camisa" de um projeto, ele contou que todos os departamentos investiram: "O resultado vem para a tela quando as pessoas vestem a camisa."

    A esposa do temperamental

    Para viver seu personagem, Alinne contou que ouviu conselhos da dupla e que foram dois meses de preparação, suficientes para entrar no universo do personagem. Na nossa conversa reservada, disse que não conhecida nada sobre a história e que não era ligada em futebol: "Sou filha única de uma filha única". Mas se encantou com Silvia: "um mulherão, mãe, mulher completa, que não casou fingindo que ele era um príncipe encantado".

    Uma mulher ousada

    Perguntamos se ela não achava Silvia tão abusada quanto Heleno e a resposta foi afirmativa. "Ela usava calça naquela época. Isso quer dizer muito. Não disseram que atrás de um grande homem tem um grande mulher? Era isso que ela era", disse a atriz orgulhosa de seu papel. "Ela lidava com a realidade. Se tivesse que carregar ele nas costas até o ultimo dia dele, ela carregaria. Um amor de mulher, muito forte e bonito de se ver", salientou na coletiva.

    A verdadeira paixão

    Fazendo questão de salientar que o filme não era sobre futebol, mas sobre o jogador, Rodrigo acredita que Heleno amou Silvia de verdade e o casamento demonstrou isso, apesar do esporte estar acima de tudo. Falou do desejo pela copa do mundo, de ser artilheiro e da necessidade que o craque tinha de colocar suas ideias na base da imposição. E citou uma frase: "Não há amor como o amor pelo seu próprio time, eu já troquei de namoradas não sei quantas vezes, nasci e morrerei Botafogo".

    A vida imita a arte?

    Sobre uma possível mistura ator/personagem, Rodrigo usa o bom humor: "Eu não briguei com ninguém na equipe. A gente de alguma forma se mistura (com o personagem), mas é importante saber separar, saber o limite do que é ficção e realidade". Alinne mostrou-se feliz, reforçando que a troca foi muito boa com o personagem: "Ela me ensinou muita coisa. Não sei se eu teria a mesma maturidade. É uma lição de amor muito bonita."

    O poder da improvisação

    Para retratar a época, o diretor José Henrique Fonseca lembrou das dificuldades para driblar a deterioração arquitetônica do Rio de Janeiro, valorizando o trabalho de pesquisadores e do departamento de arte para achar locações. Segundo ele, tiveram que "recriar uma cidade que não existe mais" num processo que levou cerca de 10 meses. Para o cineasta, a improvisação no elenco também é importante e a atriz contou que eles até tentaram fazer algumas "pegadinhas" com Santoro, mas ele não caiu em nenhuma. "O bichinho estava sempre ligado em cena", disse ela. Quando perguntamos sobre uma cena que parecia não estar no roteiro (quando um armário cai em cima de um personagem), Rodrigo, mostra bom humor novamente, dizendo que não era bem assim e que o armário "tinha sido contratado em Massachusetts". Todos riram da brincadeira.

    Investindo no que acredita

    Sobre os R$ 8 milhões investidos na produção, o cineasta mostrou ciência de que seu filme "não é fácil" para o mercado, mas frisou sua posição quanto a isso. "O cinema tem que ser plural. Não adianta ter só comédia ou filme só ação. Uma cinematografia pra ser completa precisa ter um filme como Heleno." E concluiu: "A gente investiu e acreditou nisso. Fez um filme com uma qualidade incrivel, com uma equipe de ponta". Santoro lembrou que o apoio do empresário Eike Batista foi fundamental para o projeto e, para nós, revelou estar bastante curioso quanto a reação do público, lembrando que filmes de comédia tem boa aceitação.

    Uma gringa na produção nacional

    Um jornalista mostrou-se curioso pela presença da colombiana Angie Cepeda (Pantaleão e as Visitadoras) no elenco ao invés de uma atriz brasileira. O diretor lembrou que embora o personagem fosse ficcional, o Copacabana Palace na época recebia estrelas de várias países e que achou charmoso ter músicas da América do Sul.

    A ousadia do preto & branco

    Perguntamos para o cineasta o porquê de fazer o filme em preto & branco, uma proposta ousada para os dias atuais. Fonseca iniciou sua resposta dizendo que sonhava em fazer um longa assim desde os 12 anos de idade, citou o cinema de Ingmar Bergman e o fato de acreditar que rodar um longa assim é um fetiche de qualquer cineasta. Contudo, disse também que essa não era a resposta exata para Heleno, cuja principal razão foi acreditar que a ausência de cor seria a melhor porta para transportar o espectador para aquele universo dos anos 40, para a fantasia, ao contrário da realidade que a cor transmite.

    Carreira no exterior

    Com os direitos comprados para exibição nos Estados Unidos, e em outros países, pela Screen Media (A Vida Íntima de Pippa Lee), eles lembraram que o filme foi muito bem aceito por onde passou. Fonseca falou do prêmio de Santoro em Havana e o ator falou da recepção em Cartagena (Colômbia), Toronto (Canadá) e Miami (Estados Unidos). "Foi uma resposta surpreendente", disse ele, aproveitando para citar o eterno João Saldanha: "Se você quiser entender a alma do brasileiro, você precisa surpreendê-lo no instante do gol. O brasileiro, nosso povo, não canta o hino no 7 de setembro. Ele canta quando a seleção entra em campo."

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