"É uma escolha com a qual alguns discordam": Christopher Nolan tem um problema em Oppenheimer e sabe disso

Durante a maior parte da carreira, uma das poucas críticas que Christopher Nolan enfrentou é que às vezes você não consegue discernir certos diálogos em suas produções.

Esse movimento é mais óbvio quando os atores principais usam máscaras, como na vez em que Tom Hardy interpretou o vilão Bane, em Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge; ou mesmo John David Washington usou uma máscara de oxigênio no thriller de espionagem, Tenet.

Embora não tão chocante, Oppenheimer sofreu com o mesmo problema. Em determinadas tomadas, o público mais exigente – principalmente o norte-americano, que não faz o uso de legendas – reclamou que certas falas apresentaram sonoridade abafada, mesmo sem adereço algum cobrindo a boca dos personagens.

Em entrevista para o Insider, o cineasta admitiu o contratempo, afirmando que seus filmes são rodados com gigantescas câmeras Imax - bastante barulhentas. Apesar da melhora na tecnologia nos últimos anos, tais filmadoras ainda não são totalmente à prova de som, necessitando de um supressor de ruído durante a mixagem de áudio para abafar os barulhos provenientes delas mesmas - o que acaba abafando também parte do diálogo.

“Há certas melhorias mecânicas", contou o diretor sobre a câmera. "E, na verdade, a Imax está construindo novas câmeras que serão ainda mais silenciosas. Mas o verdadeiro avanço está na tecnologia de software que permite filtrar o ruído da câmera. Isso melhorou enormemente nos últimos quinze anos ou mais, o que abre para você fazer cenas mais íntimas que não seria capaz de fazer no passado”, completou.

Por conta disso, Nolan também confessou que precisou optar por usar a Imax nos momentos certos. Em cenas com mais diálogos, ele dispensou a utilização exatamente por conta do excesso de fala - como quando J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy) encontra o presidente Truman (Gary Oldman) no salão Oval.

O diretor poderia contornar o problema ao fazer com que seus atores retornassem ao estúdio para regravar determinadas falas na pós-produção, mas tem resistência quanto a isso.

"Gosto de usar a performance que foi apresentada no momento, em vez de o ator refazê-la mais tarde", disse. "É uma escolha artística com a qual algumas pessoas discordam, e é um direito delas”, finaliza.