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    Ela era a grande estrela dos musicais, mas parou de cantar após tragédia e só quebrou o jejum uma vez
    Lucas Leone
    Lucas Leone
    -Redator | Crítico
    Lucas só continua nesta dimensão porque Hogwarts ainda não aceita alunos brasileiros. Ele até tentou ir para Westeros ou o Condado, mas perdeu a hora do Expresso do Oriente. Hoje, pode ser visto escrevendo no Central Perk mais próximo.

    Uma babá que voa pelos telhados, uma moça que foge do convento para cuidar de crianças e avó de uma princesa: você sabe de que atriz estamos falando?

    Em meados dos anos 60, não havia nome mais forte no meio musical do que Julie Andrews. Então com 30 anos, a inglesa já havia protagonizado espetáculos da Broadway como The Boy Friend, My Fair Lady e Camelot. Já havia interpretado Cinderella no especial de TV escrito e musicado pela dupla Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II. Uma performance lhe rendeu sua primeira indicação ao Emmy Awards.

    Mas foi em 1964 que ela virou o mundo do cinema de cabeça para baixo ao estrelar seu primeiro filme: Mary Poppins. A babá mágica que voava sobre os telhados de Londres com seu guarda-chuva fez a carreira de Julie decolar e lhe valeu, inclusive, o Oscar de Melhor Atriz.

    Um ano depois de soltar a voz no sucesso da Disney, deixando para a eternidade o trava-língua "supercalifragilisticexpialidocious", Julie subiu definitivamente as montanhas de Hollywood com A Noviça Rebelde, também de Rodgers e Hammerstein. O papel de Maria von Trapp, uma moça que deixa o convento para cuidar dos sete filhos de um capitão da Marinha, até hoje ecoa na memória do público – e na história da sétima arte.

    20th Century Fox
    Julie Andrews como Maria von Trapp em cena de A Noviça Rebelde.

    Foram 10 indicações ao prêmio da Academia e cinco vitórias, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor (Robert Wise). Julie concorreu novamente, perdendo para sua xará Julie Christie, de Darling - A Que Amou Demais. De qualquer forma, seu talento para o canto e para a atuação ficou mais do que evidente nas três horas daquele que se tornaria o maior musical de todos os tempos.

    Nas duas décadas seguintes, Julie participou de outros projetos nas telonas que exigiram suas aptidões vocais. Positivamente Millie (1967) chegou a fazer barulho, mas nada comparado à história da família von Trapp na Áustria pré-Segunda Guerra Mundial. Já A Estrela (1968) e Lili, Minha Adorável Espiã (1970) foram fracassos de bilheteria.

    Em 1982, a trajetória de Julie no gênero musical voltou a engrenar com Victor ou Victória?, que lhe trouxe sua terceira indicação ao Oscar. Posteriormente, participou do especial de TV Julie & Carol: Together Again, com sua amiga de longa data Carol Burnett, e interpretou a protagonista de The King & I, outro especial adaptado de outro musical de Rodgers e Hammerstein.

    POR QUE JULIE ANDREWS NÃO CANTA HÁ MAIS DE 25 ANOS?

    Walt Disney Productions
    Julie Andrews e Dick Van Dyke (Bert) em cena de Mary Poppins.

    Sim, faz mais de 25 anos que a atriz não canta nas telas nem nos palcos, tendo quebrado o jejum apenas uma vez. Nada disso passou pela cabeça de Julie até 1997, quando, aos 62 anos, teve que abandonar a montagem teatral de Victor ou Victória? por causa de uma rouquidão. Na época, lhe foi dito por um especialista que estaria com nódulos não-cancerígenos na garganta.

    O fim da temporada na Broadway era a chance perfeita para descansar a voz, mas a equipe da peça – que incluía seu marido, o diretor Blake Edwards – queria que ela retornasse para uma turnê. O médico de Julie deu a ela a opção de fazer uma cirurgia para remover a lesão.

    Acreditando não ter riscos, Julie se submeteu ao procedimento no Hospital Mount Sinai, em Nova York, com a promessa de que recuperaria sua voz em duas semanas. Infelizmente, isso nunca aconteceu. Ela saiu da operação com um dano permanente nas cordas vocais, já que as cicatrizes haviam alterado a vibração delas, provocando, no lugar, um som rouco.

    A voz cristalina da soprano que alcançava até quatro oitavas se transformou na de uma contralto, porém simples e frágil. Em novembro de 1998, seu marido declarou em uma entrevista: "Não acho que ela cantará novamente. É uma tragédia absoluta." Em dezembro de 1999, sua enteada, Jennifer Edwards, contou que a voz de canto de Julie ainda não havia voltado.

    MGM
    Em Victor ou Victória?, Julie Andrews vive dois personagens: Victoria Grant e o conde Victor Grazinski.

    Naquele mesmo ano, a atriz entrou com um processo de imperícia contra os médicos do Hospital Mount Sinai, incluindo Scott Kessler e Jeffrey Libin, que operaram sua garganta. O caso foi encerrado em setembro de 2000, por um valor não revelado.

    E se você acha que a tragédia para por aí, está enganado. Em uma entrevista de 2015 ao The Hollywood Reporter, Julie esclareceu que não teve nódulos nem nada do tipo, como foi noticiado na época. "Eu tinha um pequeno ponto fraco que ocasionalmente inchava com um pouco de fluido", disse ela.

    A partir dos anos 2000, Julie passou por quatro cirurgias com Steven M. Zeitels, diretor do Hospital Geral de Massachusetts. Embora ele tenha conseguido retirar algumas cicatrizes e melhorar sua voz de fala, não conseguiu restaurar sua voz de canto.

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    Obviamente foi muito difícil para Julie aceitar que não poderia cantar mais, e ela mergulhou na depressão por um tempo, buscando ajuda na terapia. Ela conta que o que a salvou foi começar a escrever e gravar livros infantis com a filha, Emma Walton Hamilton.

    Desde então, Julie só abriu uma exceção para cantar na frente das câmeras: em O Diário da Princesa. Ela interpretava a rainha-regente de Genóvia, Clarisse Renaldi, avó da protagonista Mia Thermopolis (Anne Hathaway). No segundo filme, lançado em 2003, há uma cena em que ela se apresenta para a neta e as amigas durante uma festa do pijama. O momento é fofíssimo, fala sobre amor e ainda conta com Raven-Symoné, de As Visões da Raven. Confira a seguir:

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