Retornei à franquia Chamado para me preparar para a mais nova entrada: O Chamado 4. Em 2023, tenho a visão se os três primeiros filmes da franquia comportam o teste do tempo, começando por O Chamado de 2005.
Este filme é a adaptação americana da adaptação japonesa Ringu, que por usa vez é a adaptação do livro Ring de Koji Suzuki. A premissa é a mesma em todas as obras: uma maldição cai sobre as pessoas que assistem a uma fita de vídeo cassete amaldiçoada. Sete dias é o tempo de vida restante dos amaldiçoados.
Por mais que estas sejam as adaptações mais conhecidas, houve outras, mas não as assisti para conseguir compará-las.
Acho que o ponto negativo de O Chamado, assim como em Ringu, é que o filme não consegue captar a essência do livro de Suzuki, que é a investigação. A obra de Suzuki lida com temas sombrios e preconceituosos que certamente não entrariam nas adaptações, mas a essência da investigação que Suzuki discorre em seu livro se perde em O Chamado. Também em Ringu, em O Chamado a maldição da fita de vídeo cassete já existe no folclore urbano, facilitando o início da investigação pela origem da fita.
Outro elemento que as adaptações para cinema não conseguiram traduzir é a mensagem da fita. Em O Chamado, a fita é apenas mórbida, enquanto no livro a fita existe por um motivo elaborado.
Agora, se removermos a lente da comparação, O Chamado vale a pena? O filme usa bons efeitos visuais para a época. A atmosfera é sombria por toda a extensão do filme, ainda que o filme use truques baratos. Em 2023, O Chamado é um clássico do horror que, como a maioria dos clássicos, sofre da febre clássica de ser um bom filme que talvez já não atenda mais ao gosto do público mais jovem.
Contudo, a perfeição é apenas um desejo. O Chamado sofre com exposição forçada por conta da inclusão de Aidan à história, um garoto prodígio com tendências mediúnicas. Aidan move a trama sem explicação aparente, apenas porque sente as coisas.
O final é o esperado, se você já leu o livro.
O Chamado não reinventa o horror por focar mais no fator fantasmagórico do que na pseudociência proposta por Suzuki, mas o filme é um clássico do horror. Recomendável pela nostalgia.