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    Rebel Moon Parte Um: A Menina do Fogo
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Rebel Moon Parte Um: A Menina do Fogo

    O melhor e pior de Zack Snyder reunidos

    por Bruno Botelho dos Santos

    Zack Snyder é um dos diretores mais controversos de Hollywood atualmente, especialmente pela sua turbulenta passagem pelo Universo Estendido DC, onde sua visão para a franquia de super-heróis não foi bem recebida pela crítica e pelo público. Em uma nova fase, o diretor recebeu uma oportunidade única da Netflix para apresentar o projeto mais ambicioso de sua carreira: Rebel Moon, seu próprio universo de ficção científica que começa em Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo, primeiro filme que foi dividido em duas partes no streaming.

    Em Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo, uma colônia pacífica à beira da galáxia é ameaçada pelos exércitos de um regente tirânico chamado Balisarius (Fra Fee) e seu cruel emissário, o almirante Noble (Ed Skrein). A misteriosa Kora (Sofia Boutella) passa a ser a única esperança de sobrevivência. Desesperados, os colonos enviam a jovem com um passado conturbado para procurar guerreiros de planetas vizinhos e ajudá-los a resistir. Kora reúne um pequeno bando de insurgentes, deslocados, camponeses e órfãos de guerra de vários mundos que têm dois objetivos em comum: Redenção e vingança. Enquanto a sombra do reino avança sobre a lua mais improvável de todas, começa a batalha pelo destino de uma galáxia, que depende deste novo exército de heróis improváveis.

    "Star Wars de Zack Snyder", Rebel Moon reúne pior e melhor do diretor

    Netflix

    Desde que foi anunciado, Rebel Moon vem sendo chamado de "Star Wars de Zack Snyder", não apenas pelas semelhanças entre os universos. Na realidade, o diretor apresentou Rebel Moon inicialmente à Lucasfilm como uma ideia de filme para Star Wars – mas acabou não sendo aceita. A partir disso, Snyder começou a desenvolver esse conceito como uma propriedade original, que será lançada pela Netflix, criando seu próprio universo em diferentes produções.

    Em entrevista ao AdoroCinema, Zack Snyder ao lado de sua esposa e produtora Deborah Snyder ressaltaram a liberdade criativa que tiveram no desenvolvimento de Rebel Moon, principalmente em comparação com a experiência anterior na DC. E isso realmente se confirma quando assistimos ao primeiro filme: Rebel Moon reúne todas as melhores e piores características dele como diretor e contador de histórias.

    Se você já assistiu a qualquer filme do Snyder, sabe que ele tem um estilo próprio bem definido e uma mão pesada na direção, o que lá no começo de sua carreira com 300 e Watchmen - O Filme chegou a lhe render o apelido de "visionário". Mais tarde, em sua entrada no Universo Estendido DC, esse estilo marcante acabou lhe gerando mais críticas do que elogios quando ele lançou O Homem de Aço, Batman Vs Superman - A Origem Da Justiça e o tão comentado Liga da Justiça - Snyder Cut.

    O compilado de Zack Snyder está aqui em Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo. O tom épico, cenas de ação grandiosas, exagero no uso de câmera lenta, problemas no desenvolvimento de personagens, tudo está presente e torna esse um filme de excessos. Essa liberdade criativa que o diretor teve para desenvolver seu próprio universo acaba sendo, infelizmente, o calcanhar de Aquiles de Rebel Moon – já que as falhas narrativas de Snyder estão mais amplificadas do que nunca na produção.

    Rebel Moon é ambicioso visualmente, mas sofre com narrativa fraca e sem inspiração

    Netflix

    Criar uma ideia original de universo de fantasia e ficção científica não é uma tarefa simples considerando a quantidade de histórias já contadas. Mas talvez o mais importante seja apresentar seu conceito com autenticidade, em coesão narrativa e visual.

    Fica evidente que falta personalidade e desenvolvimento em Rebel Moon que vá além da identidade visual, sempre um destaque nas obras de Zack Snyder. Aqui ele consegue passar toda grandiosidade de seu universo, chamando atenção para as cenas de ação e escala épica. O problema é que tudo isso está presente em uma narrativa básica e sem tanta inspiração, onde o roteiro escrito por Snyder ao lado de Shay Hatten e Kurt Johnstad parece reciclar e misturar ideias que já vimos anteriormente em outras produções de fantasia e ficção científica.

    O próprio conceito de ser uma espécie de “Star Wars adulto” foi melhor aproveitado, e com mais profundidade, recentemente na série Andor. Basicamente, a trama trata do povo de Veldt lutando pela sua sobrevivência e criando uma resistência contra a ameaça imperial – o que é bem elaborado na primeira parte do filme. Depois, infelizmente, o diretor desenvolve muito pouco de suas próprias pretensões em seu universo original. Rebel Moon funciona mais quando não se leva tanto a sério, mas na maior parte do tempo foca em uma suposta maturidade – quando, na realidade, tem diálogos rasos e até bobos.

    Zack Snyder falha (novamente) em desenvolver seus personagens

    Netflix

    Se tratando de uma trama focada na resistência de rebeldes contra uma força imperial, os personagens e sua identificação com o público são parte fundamental para que essa história funcione. Porém, esse é um dos maiores problemas de Rebel Moon. O destaque positivo fica mesmo para a protagonista Kora, pela sua complexidade moral envolvendo seu passado misterioso, assim como a performance física de Sofia Boutella. No mais, o restante dos personagens acabam sendo reduzidos a arquétipos conhecidos do gênero, sem tempo para o desenvolvimento de suas personalidades. É o caso, por exemplo, do vilão almirante Noble, interpretado por Ed Skrein, aquela clássica ameaça com intenções malignas e genéricas.

    Mesmo com 2 horas e 13 minutos de duração, Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo acaba sendo corrido e bastante previsível, especialmente pela fragmentação da trama de maneira episódica. Depois que o conflito base é estabelecido, diferentes personagens são apenas jogados na tela sem construção, seguindo o mesmo roteiro batido: Eles inicialmente se recusam a fazer parte da resistência, mas logo são convencidos e entram na equipe. Isso acaba sendo um desperdício de atores talentosos como Charlie Hunnam, Djimon Hounsou e Ray Fisher, que sustentam o filme apenas com seu carisma.

    Eu mesmo fui um defensor do polêmico Snyder Cut, principalmente pela possibilidade de Zack Snyder mostrar sua visão para aquele filme da Liga da Justiça – ainda que com muitos excessos. Mas em Rebel Moon reforça mais do que nunca que a direção de Snyder precisa estar atrelada a roteiristas que consigam traduzir suas ideias em tramas consistentes. Fica a esperança de que, depois de introduzir este universo, a sequência Rebel Moon - Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes, que estreia na Netflix em 2024, possa trabalhar melhor todos esses conceitos.

    Vale a pena assistir Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo?

    Netflix

    Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo é a obra mais ambiciosa da carreira de Zack Snyder e reúne todas as melhores e piores características do diretor. É um universo que chama atenção visualmente, mas nunca foge muito de ser um Star Wars genérico pela falta de inspiração e desenvolvimento na narrativa.

    No final das contas, os fãs de Snyder terão bastante do que gostar em Rebel Moon. Mas quem nunca foi muito chegado na filmografia do diretor, dificilmente irá aproveitar alguma coisa.

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