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    Voltando Para Casa
    Críticas AdoroCinema
    4,5
    Ótimo
    Voltando Para Casa

    Para sempre

    por Francisco Russo

    Zhang Yimou ganhou fama mundial graças aos malabarismos aéreos dos ótimos Herói e O Clã das Adagas Voadoras, que repetiu em doses menores (e bem pioradas) em A Maldição da Flor Dourada e Uma Mulher, uma Arma e uma Loja de Macarrão. Entretanto, o veterano diretor chinês possui uma outra faceta, apresentada em filmes mais intimistas e até românticos, como é o caso de A Árvore do Amor e O Caminho Para Casa. Coming Home, seu novo trabalho, é mais uma imersão pelos sentimentos humanos, feita com muita competência.

    A história é, de certa forma, simples. Um casal é separado durante a Revolução Cultural na China, já que ele é preso e enviado para um campo de trabalho forçado. Ele até tenta fugir, mas não dá certo. Décadas mais tarde, enfim solto, retorna para casa. Só que sua esposa sofre de um bloqueio psicológico e não consegue reconhecê-lo. Pior ainda: ela permanece à espera de seu amado, que prometeu vir numa viagem de trem. Ou seja, todo dia ela vai esperá-lo na estação e volta desolada para casa.

    Tamanha angústia é retratada especialmente pela bela atuação de Gong Li, cujo olhar expressivo reflete toda sua esperança e posterior aflição. Do outro lado, há Chen Daoming. Seu desespero em ver tal situação é tanto que ele tenta, de todas as formas possíveis, encontrar algum meio que faça com que a esposa se lembre dele. O problema é que ela está presa a uma imagem do passado e ele, envelhecido, não faz mais jus a esta memória.

    Coming Home é calcado justamente neste esforço descomunal em reatar um amor ainda presente, mas ausente devido a questões psicológicas. É bem verdade que, em certos momentos, o filme derrapa para o melodrama, mas ainda assim é uma história de amor tocante. Muito graças ao trabalho de seus dois protagonistas e também de Yimou, que concilia qualidade técnica a uma narrativa que valoriza o sentimento como poucos cineastas fazem na atualidade. Muito bom.

    Filme visto no 67º Festival de Cannes, em maio de 2014.

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    Comentários

    • Luiz Edmundo Moraes
      O caos é a revolução comunista; famílias destruídas, vidas perdidas. A ordem están o amor, que perdoa e se doa. Assim se reconstrói, em meio ao caos, a ordem perdida. FILME LINDO. LINDÍSSIMO... Ajuda a entender o filme quem leu Cisnes Selvagem de Jung Chang.
    • Paulo A.
      Sensível e bonito! Um filme de amor, um libelo contra o autoritarismo!
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