Terroristas árabes aterrorizando uma grande capital europeia e o Presidente dos Estados Unidos tentando escapar de um atentado. Alguma novidade? Certamente não. O cinema já mostrou inúmeros filmes do tipo e praticamente todos eles mostram os patriotas ianques salvando a humanidade do terror. Aliás, a cada cena, os clichês vão surgindo de forma mais aterradora do que os atentados em si. Um guarda costas heroico interpretado por um galã canastrão? Vemos aqui. Um presidente cheio de princípios e vítima das circunstâncias? Também vemos aqui. Líderes mundiais secundários praticamente figurantes e irrelevantes? Também há. Situações problemáticas mirabolantes que só os americanos conseguem solucionar em meio ao caos generalizado? Também vemos muito aqui. Isso só pra citar algumas das obviedades e ações previsíveis que vemos a cada instante. Logo no começo do filme, o super-hiper-mega-ultra heroi/segurança de confiança que faz tudo pelo presidente, tenta digitar sua carta de demissão, já que sua esposa está grávida e ele quer sossegar do perigoso trabalho que tem. Será que ele consegue concluir essa carta? Nem preciso dizer... Todos os passos do filme são extremamente fáceis de antever. Quem é o traidor, quem é o salvador da pátria, o que acontecerá com o presidente... tudo tão óbvio que chegamos a revirar os olhos. Mas vamos aos pontos positivos, pois eles existem. O elenco é bom. Apesar da canastrice do brutamonte escocês Gerard Butler (aliás, o mais curioso do filme é sua escolha como protagonista símbolo do patriotismo americano), ele tem seus bons momentos e segura bem a onda na testosterona e nos gritos à lá Leônidas. Morgan Freeman, Jackie Earle Haley e Angela Basset têm pontas de luxo. O destaque mesmo do elenco vai para o sempre ótimo Aaron Eckhart, aqui como o Presidente americano, que consegue empregar a empatia, carisma e naturalidade que o papel pede, mesmo sendo mal desenvolvido pelo pífio roteiro. De resto, o filme prende a atenção pelas ágeis cenas de ação, com ângulos e tomadas bem interessantes, embora alguns efeitos especiais deixem a desejar (como a queda de um helicóptero totalmente fake). Por ter narrativa bem rápida, o filme prende a atenção apesar de todos os deslizes do roteiro, que principalmente faz com que, mais um vez, só os americanos sejam inteligentes. O ponto mais negativo do filme nem é todo o exagero já esperado para esse tipo de filme. O que realmente incomoda é a escancarada xenofobia que o filme causa e, até ouso dizer, encoraja. Aos admiradores dos americanos, fica clara a postura política de que os caras têm mesmo é que matar todos os árabes que possam ser uma fagulha sequer de ameaça; aos simpatizantes dos árabes, o filme causa mais aversão ainda à postura americana de tentar controlar todo o mundo. Pode até ser um filme que tenha um viés altamente blockbuster de ação descerebrada, mas se você parar um pouquinho pra refletir sobre os porquês do que acontece, percebe claramente que o filme na verdade fomenta o ódio e o separatismo. Vale como um entretenimento genérico, mas que traz pouco de realmente positivo em relação à visão do terror que cada vez mais assusta a população mundial.