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    Spotlight - Segredos Revelados
    Críticas AdoroCinema
    4,5
    Ótimo
    Spotlight - Segredos Revelados

    Prosa da boa

    por Renato Hermsdorff

    Spotlight – Segredos Revelados é a prova (o melhor seria dizer “lembrança”) de que, em tempos de superestímulos da audiência, não é preciso investir em pirotecnia para garantir a atenção do espectador. Com uma história linear, um modo convencional, até, de contá-la, o diretor Tom McCarthy, de Trocando os Pés (?!), consegue prender a atenção do público com maestria, numa curva narrativa ascendente – sem precisar recorrer a tiro, porrada e bomba.

    Spotlight é o nome da equipe editorial do jornal Boston Globe, responsável pelas reportagens especiais, do tipo em que os repórteres – são três: Michael Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matty Carroll (Brian d'Arcy James), chefiados pelo editor que também vai a campo Walter Robinson (Michael Keaton) – se debruçam meses, às vezes mais de um ano, sobre a investigação de um caso. Uma espécie de Os Avengers do jornalismo.

    O filme é baseado em uma história real – que deu origem ao livro, vencedor do Pulitzer –, escrito pelo mesmo time que participou da apuração do caso. O caso: aos poucos, a equipe editorial da publicação vai descobrindo uma série de relatos de pedofilia praticados por membros da Igreja Católica na cidade de Boston – todos, claro, devidamente acobertados.

    Ao posicionar o espectador dentro da redação – e, principalmente, na rua, acompanhando a apuração e descobrindo os fatos ao lado dos jornalistas –, o filme não diz apenas da maneira como o jornalismo é feito (ou, pelo menos, deveria), mas da motivação profissional que justifica a denúncia da hipocrisia de uma parte da Igreja, da burocracia imposta pelos poderosos e, principalmente, do abuso decorrente da fragilidade socioeconômica dos mais desfavorecidos.

    Passado em 2001, são tempos “antigos”, assim como o é a estrutura de Spotlight (equipe e filme). Apoiado em um formato clássico, que não pretende reinventar a roda, o longa-metragem tem tudo para ser o Whiplash deste ano. Contribuem a trilha, sutil; a escalada das revelações que o roteiro elenca, de forma eletrizante; e, claro, um time de atores brilhantes encabeçados por Keaton e Ruffalo (este tem até “clipe de Oscar”), muito convincentes.

    Na obra, muito se fala da cidade de Boston, o que poderia resultar em uma produção limitada por esse investimento geográfico. Porém, como diz a frase atribuída a Leon Tolstoi: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”.

    Filme visto no 40º Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2015.

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    Comentários

    • Dalter Ls
      O filme é ótimo ,perfeito, Achei até que pegou leve, poderiam ter cutucado mais um assunto que incomoda tanta gente, incomoda porque é verdade! A igreja também tem seu lado podre!
    • Nelson Jr
      Um filme com estilo documentário - investigativo , bom filme , bons atores - mas mostra os fatos sem dramatizar ou entrar profundamente na história , história real - um filme linear e convencional-bom filme7\10
    • Jackson Lovato
      Um filme que retrata a triste realidade, ocultação e impunidade de crimes cometidos pela cúpula da igreja. Show de atores com seus respectivos papéis. Só achei que o filme foi mal conduzido, poderia ser mais dinâmico e envolvente. Nada que tire a credibilidade da obra, mas há um excesso de cenas cansativas!!
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