O filme parte de uma ideia interessantíssima: milhares de pessoas no espaço, em sono profundo, numa viagem interestelar. Eles saíram da Terra com destino a outro planeta, em outra galáxia, numa viagem que dura mais de 100 anos. Contudo, uma falha no sistema acaba por acordar Jim (Chris Pratt), um dos passageiros, 90 anos antes do previsto. Imagine então um homem sozinho, numa nave espacial, descobrindo que não pode voltar a hibernar como os demais passageiros, e que sabe que quando chegar ao destino final da viagem já terá morrido de velhice? Isto é o que filme traz de melhor. Tais questionamentos geram conflitos bem intrigantes. E Jim ainda enfrenta um dilema avassalador (que não contarei aqui por não querer dar spoilers), e como bom apreciador de dilemas morais, eu fiquei bem entusiasmado com o primeiro terço do filme. Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, o filme muda o foco e perde a essência questionadora. Passa a ser um mero filmeco genérico sobre sobrevivência em meio ao caos que já vimos milhares de vezes, apelando para situações óbvias, previsíveis e estapafúrdias uma atrás do outra, tornando-se (na opinião de meu amigo que assistiu ao filme comigo, pela qual devo concordar plenamente) um filme com mais clichês do que Titanic. Esse corre-corre contra o tempo e adversidades joga ladeira abaixo o que o filme tinha de melhor, fazendo com que o romantismo exagerado e cenas de ação deploráveis tomem conta de tudo. Em relação ao elenco, é inegável o carisma, talento e química entre Chris Pratt e Jennifer Lawrence. Talvez pelo esforço dos dois, o filme seja mais palatável. A presença de Michael Sheen como um bartender androide, e Lawrence Fishburne como um dos membros da tripulação, também vale destaque positivo. Os efeitos visuais não são maravilhosos, mas tampouco comprometem. O que realmente deixa tudo a perder é o sentimentalismo barato de um roteiro pobre e sem criatividade. Vale a pena como aquela sessão pipoca despretensiosa, mas nada além disso.