Por enquanto, esse é o melhor filme (que eu vi, obviamente) de 2015.
Ex Machina (estilizado como EX_MACHINA) é um filme britânico de 2015 de ficção científica e suspense sobre um andróide com inteligência artificial. Foi escrito e dirigido pelo autor e roteirista Alex Garland, tendo sido a sua estreia como diretor. O filme foi protagonizado por Domhnall Gleeson, Alicia Vikander e Oscar Isaac. O filme tem indice de aprovacao de 91% no site RottenTomatoes e nota 7.8 no site IMDb.
Caleb (Domhnall Gleeson), um programador numa importante empresa de internet, vence uma competição cujo prémio é passar uma semana no refúgio privado de Nathan (Oscar Isaac), o criador da empresa. Porém, quando chega ao local, percebe que o objetivo da sua estadia não é inocente. Ele está ali como cobaia e a sua função é interagir com a mais recente criação de Nathan: um robô de última geração que consegue agir, sentir e expressar-se. Chama-se Ava (Alicia Vikander) e está dentro do corpo de uma bela e sedutora figura feminina. Com o passar do tempo, e apesar de totalmente consciente de que Ava não passa de uma máquina pré-programada, Caleb começa a sentir-se estranhamente ligado a ela. Quando descobre mais informações sobre este projeto, o jovem começa a pôr em causa não apenas as reais intenções daquela experiência, mas também as implicações éticas de tudo aquilo.
O diretor Garland usa seu cenário futurístico para levantar questões sobre moralidade, poder e a definição de consciência (que é a questão normalmente abordada em filmes que trabalham com o conceito de inteligência artificial). Também mostra sua ideia de relacionamentos que envolvem IA (abreviação de inteligência artificial) e o ser humano (não de forma tão incrível e original como “Ela”, de Spike Jonze, mas envolvente e bem-feito mesmo assim) e questiona: o que ocorreria se a IA fosse mais inteligente que o ser humano? E se não fosse? Utilizaríamos IA’s como escravos apesar de serem seres conscientes? Afinal de contas, a única diferença entre o humano e o animal é a consciência. O que é a IA então? Real, virtual, humana, animal? Em que circunstancias podemos considerar moralmente correto a utilização de IA’s? Bem vindo ao mundo de Ex Machina.
O filme tem uma atmosfera extremamente envolvente e séria. A trilha sonora, a cor e o cenário mostram, do começo ao meio (explicarei o porque disso mais para frente), que esse é um filme para pensar, um filme com emoção, um filme com mais conversa que ação (só há, basicamente, 4 personagens no filme todo), um filme inteligente. É um filme que deve ser assistido algumas vezes, não porque é absurdamente espetacular e sensacional como outros filmes que devem ser assistidos várias vezes, mas porque as questões que ele apresenta são de importante valor, principalmente nos dias de hoje em que estamos próximos a atingir níveis incríveis de avanço tecnológico e a linha entre certo e errado está prestes a virar tênue (o filme também apresenta críticas à recente onda de espionagem e à problemas da internet moderna). Vale a pena assistir com amigos e discutir.
O filme também merece ser aclamado no aspecto técnico. O protagonista entrega uma boa performance mas Oscar Isaac (um ator que coleciona uma quantidade grande de excelentes performances e, não tenho dúvida, será um dos grandes atores dos próximos anos) está sensacional (ele também a vantagem de interpretar uma personagem muito interessante e misterioso) e Alicia Vikander está surpreendentemente boa. Os diálogos e a sequencia de eventos se desenrolam muito bem e a direção é sólida então Alex Garland está de parabéns. O filme no entanto tem um grande problema: seu final. O final do filme (seus últimos 20 minutos) convergem muito do resto do filme e realmente decepcionam. Algumas pessoas não se incomodaram tanto com isso e inclusive gostaram da mudança de direção que o filme teve mas para mim, ir de uma atmosfera original e envolvente, que eu estava particularmente apreciando muito, para algo banal e muito diferente do que o resto do filme pode dar certo para alguns casos, mas nesse caso, na minha opinião, o final não acrescentou nada ao filme e poderia ter sido muito melhor.
Nerds vão gostar do papo técnico, fãs de filosofia vão gostar dos questionamentos, fãs de ficção cientifica vão gostar do conceito e apreciadores de cinema vão gostar desse bem escrito, bem atuado e bem dirigido filme. É uma pena que o final prejudique tanto o filme.
Nota: 7,5/10