Amor e Argila.
Guillermo del Toro tem uma mente criativa como pouco se vê no cinemão da atualidade. Seus trabalhos, mesmo que frutos de grandes orçamentos, possuem marcas registradas por conta do design e ousadia, vide HellBoy II, Blade II e principalmente O Labirinto do Fauno, algo que continua se mantendo neste Crimson Peak.
Tal produção é fruto de uma constante busca de Del Toro por investimento, algo que se consolidou após 10 anos de muito trabalho de qualidade no cinema e persistência. Aqui, a protagonista é Edith Cushing (Mia Wasikowska), uma escritora que sonha com a publicação de sua obras. Filha de um rico empresário e investidor, ela conhece Sir Thomas Sharpe (Tom Hiddleston), um misterioso e sedutor empresário que está a procura de financiamento para produzir uma máquina capaz de extrair argila em larga escala. Apaixonando-se pelo sujeito, este sempre na companhia de sua soturna irmã Lady Lucille Sharpe (Jessica Chastain), Edith muda-se para a mansão onde os irmãos moram, o lugar conhecido como Colina Escarlate.
No ambiente sombrio em que passa a viver, Edith começa a descobrir coisas inimagináveis sobre pessoas próximas. O interessante disso é a forma como a narrativa vai nos entregando esses elementos, mesmo que misture traços do sobrenatural com a realidade, sempre deixando claro as relevância de cada um dos principais personagens nas ações de todos.
Evidentemente que, apesar da história não ser tão sofisticada quanto O Labirinto do Fauno, a parte estética é tão bela quanto o filme de outrem. A gama de detalhes da mansão, seus quartos, andares e tudo aquilo que a compõem são repletas de informações visuais que alcançam um nível impressionante. Isso sem falar na lama escorrendo pelo chão e paredes que resultam em uma amálgama divertida de se interpretar. Vale destacar também o figurino belíssimo, desde as vestes dos empresários logo no começo do filme, sempre sóbrios e de requinte nato; passando pelas roupas da Thomas que sempre são cuidadosas para deixar um ar de duvida quanto a confiança; a bela Lucille e suas vestes que oscilam entre o sombrio e o vermelho apropriado ao amor; ou mesmo a protagonista Edith, sempre fragilizada em roupas suntuosas, às vezes até exageradas, mas coerentes com seu nível financeiro.
A COLINA ESCARLATE pode não ter o mesmo potencial e figurar com um dos melhores filmes de Del toro, mas seria incoerente apontá-lo como sendo ruim, pelo contrário, é uma produção "com fantasmas" e de qualidade satisfatória. Mesmo com um enredo mais tradicional do que excepcional, a produção entretém bem em suas quase 2h de duração.