O filme começa bem! Desenvolve a personagem central, Adele e o universo adolescente francês no qual ela vive. Logo nos é apresentado o garoto pelo qual ela, devido à influência e pressão do círculo de amigas, se sente no dever de ter um relacionamento interpessoal, inclusive sexual. E de cara ela nota que não deseja àquilo. Confusa, procura por coisas novas se sentindo envolvida por uma amiga. Mas encontra sua grande paixão mesmo em Emma, a mulher exótica dos cabelos azuis, descolada, classe alta, culta e envolvida com pessoas de grande influência no meio artístico. Fica nítido devido aos excelentes diálogos entre elas no parque, nos jantares em casa, a diferença social entre Adele - apresentada claramente como classe média/baixa - e Emma.
O filme consegue retratar bem o que é a cabeça de uma adolescente que se apaixona de forma muito intensa por uma mulher mais velha e diferente em termos sociais, culturais, e se sente confusa e pressionada a tomar decisões.
Mas é somente isso que o filme propõe. Somente isso. O que torna a proposta da trama muito pobre, tendo em vista que poderia explorar e discutir de forma mais abrangente temas como: aceitação social sobre a liberdade de escolha da sexualidade, valores morais, diferença social, preconceito.
O que deixa a desejar também é o fato de a linha temporal na narrativa do filme não ser clara o bastante; em alguns momentos passaram-se dias, em outros passaram-se anos e os pontos que estavam começando a ser levantados para uma reflexão passam batido ou são pouco explorados.
O filme vai se encaminhando para o desfecho final, mas não há. Ele não pontua nada do desenvolvimento da trama e fica uma frustração, pois a proposta do filme é só apresentar a paixão intensa que Adele teve e desperdiçou devido à escolha errada que fez.
Como ponto forte, vale destacar as atuações das atrizes principais, o figurino com tons de azul em momentos diferentes vividos por Adele, o filtro azul muito bem usado, juntamente com a fotografia.