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    Noé
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Noé

    Soldado de Deus

    por Francisco Russo

    No princípio, não havia nada. A história de Noé começa no gênesis, bem antes da famosa reunião dos animais antes do dilúvio divino, de forma a associá-lo ao pecado original. É no furto da maçã proibida que começa a realidade sombria, onde os descendentes de Caim resultaram numa civilização violenta e egoísta. Para “limpar” a Terra, veio a enorme enxurrada que cobriu os continentes. Um novo início, uma purificação, que traz consigo a instigante pergunta: há espaço para a humanidade nela?

    Mais do que simplesmente levar a história bíblica às telonas, o diretor Darren Aronofsky está interessado é em discutir a posição do ser humano diante deste “juízo final”, sob os mais diversos aspectos. O mais explícito é o lado da fé que beira o fanatismo, representado pelo próprio personagem título. A crença inabalável de Noé em seguir os desígnios de Deus faz com que não apenas construa a famosa arca, mas também deixe de lado centenas – milhares? – de vidas humanas suplicando por uma vaga na embarcação, trazendo ao personagem uma dubiedade moral que pode render uma boa polêmica. Mais intenso ainda é o conflito vivido por Noé após o dilúvio, numa subtrama surpreendente que desperta vários questionamentos sobre o próprio ser humano.

    Para construir esta realidade, Aronofsky foi fundo nas pesquisas e resgatou trechos pouco conhecidos vindos das mais diversas religiões. É notável o empenho na reconstituição de certas passagens, assim como o esforço feito para justificar esta realidade de fundo fantástico. Questões básicas sobre a construção da arca e como os animais chegaram à embarcação, e lá permaneceram em harmonia durante o dilúvio, são explicadas no longa-metragem, por mais que existam algumas perguntas sem resposta aqui e ali. Da mesma forma, o diretor teve o cuidado necessário em apresentar animais que não necessariamente são idênticos aos que conhecemos, mas sim vindos de supostas etapas anteriores da evolução. Afinal de contas, o mundo de Noé é diferente do atual e, como tal, apresenta peculiaridades muito próprias.

    Entretanto, por mais que haja um nítido apuro na criação desta realidade, Aronofsky derrapa de leve justamente num de seus elementos cruciais: os guardiões. Seres gigantes que servem de ligação entre o paraíso perdido e a vida atual na Terra, eles são conceitualmente interessantes mas pecam na roupagem em tom de fantasia, que remetem a filmes das séries Harry Potter e O Senhor dos Anéis. Esta opção talvez seja por questões mercadológicas, de forma a atrair um público maior, mas acaba também agindo contra o filme, já que torna os personagens – e a história em si – ainda mais fantasiosos. E este lado é, no fim das contas, o que menos importa para o filme como um todo.

    Em relação às atuações, é importante destacar o trabalho de Russell Crowe. Por mais que em certos momentos seu personagem se assemelhe aos de épicos por ele estrelados anteriormente, há em seu Noé uma variedade de emoções que o torna, acima de tudo, humano. Jennifer Connelly e Emma Watson também têm bons momentos, especialmente na metade final, quando suas personagens são mais exigidas emocionalmente. A qualidade na fotografia, digital, e a edição caprichada em momentos belos mas supérfluos, como a reapresentação do gênesis, também merecem destaque.

    No fim das contas, o ponto crucial de Noé é a discussão implícita sobre a servidão a Deus e a culpa do homem na realidade que nos rodeia, usando para tanto a figura do Deus punidor. Não espere discussões inflamadas sobre o assunto, mas a construção de situações que podem (e devem) servir como comparação aos dias atuais. Mais do que um mero blockbuster interessado no espetáculo, Noé é um filme que tem o que dizer a um público que queira discutir. Assista de mente aberta, sem se ater a detalhes religiosos, já que não é este o verdadeiro objetivo da história. Noé olha para o ser humano, com suas falhas e virtudes, demonstrando uma crença talvez infundada que pode ser representada pela frase mais importante do longa-metragem: “o mal está em todos nós”. Sob os mais diversos aspectos.

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    Comentários

    • Paulino Matias
      ficção pura!!!!há quem goste e quem não goste...o importante é curtir e se divertir...boa diversão a todos, sejam lá de que vocês (a) gostem...se divirtam...
    • Daniel Nunes
      Maça... Ok, não falo mais nada dessa critica.
    • Fabio
      o nosso senhor, o grande anjo Lucifer, que sua escuridão nos abrace e mate todos os cristões e permita que os filhos das trevas reine nesse mundo
    • Mael
      Alguém coloca essa criança para dormir pfv, pq ninguem aguenta, sem contar que esse cara não tem respeito por ninguém e alias quando ele entender algo de roteiro e filme ai vem falar alguma merda que ninguém via ligar, e em vez de vir falar merda ir estudar alguma coisa que se duvidar não deve nem ter um carro direito. e boa sorte na vida meu parceiro.
    • Fabio
      eita porra...que o grande Satã, o anjo da luz, lhe traga sabedoria e paz nesse coração tomado por cristoVIVA SATANÁS
    • Rosi
      Você que vai chorar paspalhão!
    • Rosi
      Está falando para si mesmo.
    • Marcos Carneiro
      Filme horrível de mal-feito, sem apego ao roteiro original. Para os que creem: não assistam, é só apostasia. Para os que só procuram entretenimento: vão perder seu tempo, é uma estória inverossímil, até pra te lona do cinema.
    • YESHURUN BEN TZION
      AS PESSOAS, TANTO JUDIAS COMO CRISTAS TEM UMA VISAO MUITO ROMANTICA DO QUE FOI A ARCA DE NOE E A DESTRUICAO DA HUMANDADE DA EPOCA, POIS NOS FOI ENSINADO PELOS TEOLOGOS DE AMBAS AS RELIGIOES QUE A HUMANIDADE ZOMBOU DE NOE E NAO ACREDITOU QUE O MUNDO PUDESSE SER DESTRUIDO PELA FORCA DAS AGUAS, ENTRETANTO, O AUTOR DO FILME QUER NOS PASSAR A IDEIA QUE A VONTADE DIVINA E QUE NINGUEM FOSSE SALVO, EXCETUANDO AQUELES QUE ENTRARAM NA ARCA.EU ME IDENTIFIQUEI PROFUNDAMENTE COM A PESSOA DE NOACH DO FILME E OLHANDO PARA A HUMANIDADE HOJE, CONTEMPORANEAMENTE, EU PENSO QUE NOACH DEVERIA TER MATADO AS DUAS CRIANCAS, ENTRETANTO, ELE DEIXOU QUE O SEU SENTIMENTALISMO FALASE MAIS ALTO E O RESULTADO DA SUA ERRADA ESCOLHA, REFLETE NOSSOS DIAS, COM UMA HUMANIDADE NADA DIFERENTE DA ESCORIA DAQUELA EPOCA: EGOISTA, DISSIMULADA, MENTIROSA, ASSASSINA E DIABOLICA!
    • YSHURUN BEN TZION
      illlll
    • Luigi Bonvenuto
      Marco, você mudou o versículo completamente. Veja o que está escrito na Bíblia:Se numa cidade um homem se encontrar com uma jovem prometida em casamento e se deitar com ela,levem os dois à porta daquela cidade e apedrejem-nos até à morte: a moça porque estava na cidade e não gritou por socorro, e o homem porque desonrou a mulher doutro homem. Eliminem o mal do meio de vocês.Deuteronômio 22:23,24Viu a diferença? Ela NÃO GRITOU POR SOCORRO, ou seja, gostou do que estava acontecendo. Além disso, OS DOIS são apedrejados. Quando quiser utilizar um contra argumento, utilize-o direito.
    • Luigi Bonvenuto
      Assisti esse filme já faz um tempo, e não analisei muito a questão técnica. Bom, se ela é de qualidade, não faz diferença pois qualquer adaptação que seja nós sabemos que tem que ter uma fidelidade ao texto original. É incrível, se fosse uma retratação fiel bíblica eles teriam odiado o filme. Independente se é religião ou mitologia, a fidelidade antecede a criatividade do autor.
    • Luigi Bonvenuto
      Nem isso o filme pode ser considerado. A base bíblica é zero, pegaram apenas os fatos da arca e a existência dos personagens e inventaram tudo.
    • Luigi Bonvenuto
      Isso só prova o quanto você mal sabe da história. Deus sempre condenou sacrifícios humanos e a história de Abraão foi uma prova de fé. Ele tinha tanta fidelidade de que Deus sabia o que estava fazendo que estava disposto até a isso, porém Ele o impediu, tanto que o sacrifício mais difícil após o de Jesus foi o ato de Abraão. Isso ocorreu para nos mostrar que a fé nos planos dEle é mais importante do que qualquer coisa na Terra
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