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    Operação Sombra - Jack Ryan
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Operação Sombra - Jack Ryan

    Batismo de fogo

    por Francisco Russo

    Talvez você não se lembre do personagem em si, mas é provável que o tenha visto em suas reencarnações anteriores nas telonas. Afinal de contas, Jack Ryan já vestiu a pele de Alec Baldwin, Harrison Ford e Ben Affleck em filmes do porte de Caçada ao Outubro Vermelho, Jogos Patrióticos, Perigo Real e Imediato e A Soma de Todos os Medos, todos mesclando suspense a uma boa dose de ação. Operação Sombra - Jack Ryan não foge à fórmula. A intenção aqui é ser um reinício para Ryan, agora interpretado por Chris Pine, de forma que se torne mais uma série de sucesso. O grande problema é que o personagem principal sempre teve menos relevância do que seus intérpretes, algo que a própria Paramount tenta reverter ao colocar seu nome já no título do filme. De agora em diante, todos realmente saberão quem é Jack Ryan. Quer dizer, mais ou menos.

    A nova proposta é bastante nítida já em sua sequência inicial: Jack desperta em um banco de praça, após uma soneca - analogia explícita aos 12 anos que o distanciam de sua última aparição nas telonas, em A Soma de Todos os Medos. Mais uns minutos se passam e Jack assiste pela TV o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 - personagem realocado no tempo, de forma a torná-lo mais próximo da atualidade. A Guerra do Afeganistão e o convite para ajudar a CIA em uma "unidade que garante não sermos atacados de novo", brada o Thomas Harper de Kevin Costner, servem para complementar a nova ambientação. Para fechar o pacote, é oferecido ao público um Jack Ryan novato, ainda não acostumado com as exigências do cargo - leia-se matar inimigos.

    Antes de tudo, é preciso dizer que este novo Jack Ryan é convincente. Chris Pine cumpre bem seu papel, dando ao personagem o vigor físico necessário e valorizando o impacto emocional de seus atos. O maior exemplo é sua primeira luta mano a mano, com um capanga bem maior do que ele, dentro de um quarto de hotel - o olhar de Pine após o término da luta é revelador. Entretanto, por mais que tenha em mãos um bom intérprete, o novo filme dirigido por Kenneth Branagh falha em um item essencial: o roteiro.

    É bem verdade que a história de Operação Sombra - Jack Ryan não ajuda. A escolha por uma guerra econômica como tema principal fez com que a ameaça se tornasse bastante abstrata, obrigando o roteiro a apelar para frases de efeito, como "segunda depressão americana" e "a América sangrará", além dos fantasmas das greves e da hiperinflação. Também por isso optou-se por um vilão tão caricato, interpretado pelo próprio Branagh, de forma que fosse facilmente reconhecido pelo público. O filme é repleto de situações mal explicadas pelo roteiro, especialmente as que envolvem cenas de ação na metade final, "escondidas" para baixo do tapete devido à edição ágil. Entretanto, duro de engolir mesmo é o alerta feito sobre a Rússia, onde "a nova ideologia é o dinheiro". Peraí, os Estados Unidos criticando alguém por causa disto? Haja hipocrisia...

    Diante de tais problemas, Operação Sombra - Jack Ryan jamais decola de fato, mas consegue agradar o espectador graças às suas boas e tensas cenas de ação. Chris Pine também ajuda e até Kenneth Branagh tem seus momentos, sendo o porta-voz dos melhores diálogos do filme - muito graças ao sotaque carregado e o ar sisudo de seu vilão. Quem parece perdida em cena é Keira Knightley, cuja personagem serve para estabelecer o contraponto entre o trabalho e a vida pessoal de Jack Ryan. Talvez o grande problema seja justamente este: a personagem da atriz não merece tamanho destaque dado pelo filme e, em vários momentos, fica sem ter o que fazer.

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