Morrendo e voltando com estilo.
Felizmente buscando se afastar da imagem negativa conquistada após se envolver com Katie Holmes (embora não seja culpa dela), o astro Tom Cruise tem realizado grandes produções como ator, de estilos variados e geralmente focada na premissa de ação. Em 2013 protagonizou o ótimo Oblivion, cujo design e roteiro são destacáveis. Agora em 2014, sob a tutela do sempre competente Doug Liman, Cruise protagoniza o divertido NO LIMITE DO AMANHÃ.
No filme, que faz uma boa miscelânea de gêneros, Cruise interpreta Bill Cage, membro do exército americano responsável por divulgar a imagem da instituição militar e suas conquistas perante os agitados alienígenas. Representar o governo diante das câmeras e conquistar novos voluntários são algumas de suas responsabilidades até que, em dado momento, ele é designado a participar de uma invasão para retomar parte do território europeu. Logo no tenso e mal fadado desembarque, algo acontece e Cage se depara com um estranho ocorrido, ele volta no tempo exatamente no momento em que chega na base militar na qual foi enviado.
Por se tratar de um filme de ficção científica cuja maior premissa é a forma como o retorno no tempo é tratado, Doug Liman e seu montador são brilhantes, pois o retrocesso temporal ocorre diversas e diversas vezes, ao passo que cada novo retorno gera algumas peculiaridades. Buscando não soar cansativo a cada novo retorno, o roteiro mostra as adaptações que Cage faz em seu destino e como ele pode afetar as pessoas e os combates sabendo exatamente onde ir e como atacar. Claro que isso nem sempre sempre é eficaz do ponto de vista tático.
Durante as tentativas de mudar o rumo de uma batalha, Cage conhece Rita Vrataski (Emily Blunt), personagem essa que já havia passado pela mesma situação de viagens temporais. Eles buscam, de formas variadas e divertidas, se adaptarem à situação para acabar de vez com a ameaça vinda do espaço. Os planejamentos, treinos, execuções e suas consequências são interessantes e moldam um filme ainda mais divertido do que se imagina. A relação do casal em prol das descobertas geram também um ligeiro romance que, embora não atrapalhe a trama, soa como alívio rápido em meio a tantos retornos no tempo para acabar com os aliens.
Do ponto de vista estético, NO LIMITE DO AMANHÃ também é fantástico. As texturas aplicadas nas aeronaves, nos alienígenas e mesmo as roupas mecânicas utilizadas pelos soldados são de cair o queixo, e isso a 1080p em uma TV de LED. A qualidade das cenas de ação são grandiosas, ágeis e com boa mistura do real com o artificial, deixando uma sensação de surpresa mesmo já tendo visto aquela cena antes, agora sob um ponto de vista diferente e com resultado também alterado.
As atuações, como é de se esperar de Cruise, são boas e oscilam de acordo com as circunstâncias, desde o desespero nítido ao embarcar pela primeira vez em uma batalha ou após o cansaço de voltar tantas e tantas vezes sem saber como mudar esse ocorrido. Emily Blunt, por sua vez, faz a garota propaganda do exército, também conhecida como Megera de Ferro ou Anjo de Verdum (só assistindo para saber o porque), sempre firme e decidida quanto a suas ações, independente de já imaginar as eventuais, e prováveis, consequências.
É um raro filme de ficção científica que mistura bem ação, humor e romance em um embate corriqueiro contra alienígenas. Os adeptos de filme inteligente, com história ágil e bem desenvolvida terão em NO LIMITE DO AMANHÃ uma proposta de diversão certa e muito satisfatória.