Férias Frustradas: Crítica AdoroCinema

Ah, os anos 1980... Época de Indiana Jones, De Volta para o Futuro, Clube dos Cinco, E.T., Goonies e também de Férias Frustradas. Por mais que a comédia estrelada por Chevy Chase não possa ser comparada aos demais citados em relação à notoriedade, fato é que a viagem da família Griswold rumo ao Wally World também marcou época – ao menos para quem curte os comediantes que despontaram nesta década, como John Candy, Eddie Murphy, John Belushi, Dan Aykroyd e Tom Hanks. Diante disto, é interessante notar que este novo Férias Frustradas não é uma refilmagem comum, que simplesmente reprisa os acontecimentos do original, mas uma espécie de continuação adaptada aos dias atuais. E, apesar de alguns exageros, funciona bem.

A história desta vez gira em torno de Rusty Griswold (Ed Helms, de Se Beber, Não Case!), filho no filme original e agora adulto, que decide repetir a experiência da juventude como forma de unir sua família, cada vez mais afastada. Desmiolado como o pai, ele não percebe os problemas de relacionamento existentes à sua volta e, sempre empolgado, tenta manter o otimismo a cada nova adversidade - pois é claro que elas acontecem, aos montes. Férias Frustradas é a típica comédia de erros, com uma mão mais pesada em relação às piadas de cunho sexual. É aí que às vezes derrapa. Por mais que o filme original tenha um lado sacana, ele jamais é tão explícito quanto nesta refilmagem/continuação. Reflexo dos dias atuais, onde a comédia com humor sujo faz muito sucesso nos Estados Unidos, o que praticamente obriga sua inclusão em qualquer produção norte-americana que ao menos tente ser antenada com o gosto do público médio.

Apesar disto, o novo Férias Frustradas traz momentos em que é possível rir com gosto. Por mais que de início soe forçada, o bullying entre irmãos – onde quem sofre é o mais velho – rende bons momentos no decorrer do longa-metragem, especialmente quando a situação é enfrentada pelos jovens. O fato de ser esta uma história já conhecida rende diversas homenagens bem humoradas, seja na repetição de cenas (com desfecho distinto) ou na própria afirmação de que “as novas férias serão originais”, brincando com o fato do antigo Férias Frustradas não ser tão conhecido do público mais jovem. As citações são inúmeras, mas não prejudicam quem não viu a versão original.

Além das trapalhadas capitaneadas por Helms e Christina Applegate, ambos competentes mas sem brilhar, o longa-metragem traz um punhado de participações especiais, algumas inusitadas e ótimas. É o caso do personagem interpretado por um ator bem conhecido da série The Walking Dead (é melhor omitir o nome, para preservar a surpresa), cujo contexto remete ao Encurralado, de Spielberg. Ou a divertida participação caricata de Chris Hemsworth, surpreendentemente à vontade ao fazer comédia. Se Michael Peña e Charlie Day desapontam (por mais que a sequência do rio seja divertida), há ainda a nostálgica aparição de Chevy Chase e Beverly D'Angelo, o casal protagonista do filme original. E há ainda o carro albanês Tartan Prancer, personagem bastante relevante cujas peculiaridades surreais geram bons momentos.

Por mais que não seja tão bom quanto o filme original, o novo Férias Frustradas cumpre seu objetivo e diverte. Com uma boa dose de nostalgia para quem viu a série lá nos anos 1980, mas também para quem nunca ouviu falar dela.