Um médico arrogante e vaidoso sofre um acidente e fica incapacitado de continuar fazendo o que mais ama que é exercer a medicina. Sua vida parece não ter mais sentido. Daí, em busca de uma cura inalcançável, ele acaba se envolvendo numa intrincada atmosfera em que várias dimensões existem e poderes sobre-humanos são aprendidos como numa escola em um templo zen/budista/marcial, liderado por uma anciã misteriosa. Daí pra salvar o mundo de uma ameaça aterradora é um pulo. Bem, a premissa é interessante, se levarmos em conta outros filmes do gênero. Diversas dimensões e magia, além da manipulação do tempo e do espaço são ideias requentadas, mas que ainda causam interesse. Aliás, o personagem dos quadrinhos já é antigo, então nem poderia ser muito diferente. O elenco é muito bom, começando pelo protagonista Benedict Cumberbatch, passando pelo excelente ator dinamarquês Mads Mikkelsen mais uma vez encarnando um vilão no cinemão americano, e a excepcional e andrógina Tilda Swinton, que mais uma vez tem uma personagem interessante em mãos. Ainda há espaço para o também ótimo Chiwetel Ejiofor e a insossa Rachel McAdams. A história não faz o mínimo sentido e os efeitos especiais são ao mesmo tempo impactantes, mas também exagerados. Há aquelas mesmas piadas ridículas, típicas dos blockbusters americanos, e todos os clichês que vemos em todos os filmes de super heróis, em especial da Marvel. O filme tem o mesmo padrão de qualidades dos últimos filmes que têm sido lançados por esse estúdio. O que incomoda é o roteiro, que mais uma vez se prende mais ao carisma do elenco do que no conteúdo e densidade de sua narrativa. Aliás, embora o desenrolar da história seja interessante, a resolução é tão fraca e ridícula que causa aquela indagação: “peraí... tanta informação para depois tudo ser resolvido de forma tão simples assim?”. O final é simplório e idiota. Há margem para novos filmes do Doutor Estranho, inclusive duas cenas adicionais durante os créditos. É um mediano passatempo, recheado de mesmice, que não acrescenta em nada, e que entretém da forma mais rasteira possível. Há definitivamente ótimos momentos, mais por causa do ótimo elenco e do belo visual que o filme carrega, contudo é muito pouco para ser considerado um filme de ponta. O que acontece é que o filme promete muito mais do que cumpre. Vale pra comer pipoca e depois... esquecimento total.